04.10.2011 - Fala Dom Samir Mazloum, do patriarcado maronita de Antioquia
DAMASCO - “Com um novo governo, a situação dos cristãos na Síria poderia piorar”, afirma Dom Samir Mazloum, do patriarcado maronita de Antioquia, preocupado pela evolução política da república árabe.
“A Igreja sempre acompanhou com apreensão o que acontecia nos países vizinhos – declarou o bispo a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) –, porque é possível que chegue um novo regime, ainda mais ditatorial e extremista que o de Assad.”
Dom Mazloum está especialmente preocupado pelo Partido dos Irmãos Muçulmanos, “muito forte e muito preparado para tomar o poder” – uma eventualidade que o prelado teme que possa implicar na introdução da lei islâmica como única fonte do direito, aplicada também aos cristãos.
“Esta eleição converteria os cristãos em cidadãos de segunda categoria, a quem se negaria a igualdade jurídica e o direito a uma vida normal”, explicou.
No país, vivem quase 1.600.000 cristãos (dos quais 35 mil são maronitas); e a Síria, junto ao Líbano, é ainda o único país árabe onde o islã não é a religião definida do Estado, nem a fé religiosa de pertença aparece nas carteiras de identidade.
Cúpula islâmico-cristã
Enquanto isso, no último dia 27 de setembro, no Líbano, na sede oficial do grão-mufti sunita em Dar El-Fatwa, por iniciativa do patriarcado maronita, aconteceu a cúpula islâmico-cristã sobre a Síria.
No documento final, insiste-se na “necessidade de proteger os movimentos de emancipação que estão nascendo no mundo árabe de qualquer derivação extremista, que os desnaturalizaria e que poderia suscitar inquietudes”.
“Devemos encontrar novas formas de diálogo e conseguir dar esperança – disse a AIS o arcebispo maronita de Damasco –, porque sempre há uma solução, ainda quando a cruz parece muito pesada.”
Diálogo e unidade
Para ajudar os fiéis, Dom Nassar considera que o primeiro passo a ser dado é o de instaurar o diálogo com o islã moderado, evitando as posições radicais anti-islâmicas.
“É um momento delicado para as Igrejas Orientais, cujo silêncio e neutralidade são observados com suspeita, tanto de quem tem o poder quanto dos manifestantes. Mas isso – para além das diferenças – deve unir todas as igrejas cristãs sobre a base marcada pelo sínodo do Oriente Médio”, concluiu Dom Nassar.
O apoio de AIS aos católicos na Síria é significativo com relação à restauração de algumas igrejas, como a de Zouetiné, na diocese de Lattaquie, ou a construção de edifícios religiosos, entre os quais se encontra o Centro de Catequese de Toumine, na diocese de Homs, e o mosteiro de São Simeão Estilita, em Dioc (Lattaquie).
AIS está muito ativa também com relação aos seminaristas e sacerdotes, e no ano passado contribuiu para a realização do primeiro Congresso sobre a Família realizado na Síria.
Fonte: www.zenit.org
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