01.10.2011 - O Papa concedeu, esta semana, como de costume, uma audiência geral, durante a qual comentou a viagem apostólica que realizou à sua terra natal, a Alemanha. Refletindo no encontro ecumênico que teve com os protestantes em Erfurt, Sua Santidade foi precisa:
“É necessário o nosso esforço comum no caminho rumo a uma plena unidade, mas sempre somos bem conscientes de que não podemos ‘fazer’ seja a fé, seja a unidade tão desejada. Uma fé criada por nós mesmos não tem nenhum valor, e a verdadeira unidade é, mais do que tudo, um dom do Senhor, o qual rezou e reza sempre pela unidade dos seus discípulos. Somente Cristo pode dar-nos essa unidade, e seremos sempre mais unidos na medida em que voltarmos a Ele e nos deixamos transformar por Ele.”
Uma fé criada por nós mesmos não tem nenhum valor. A sutileza com a qual Bento XVI criticou a figura rebelde do monge alemão Martinho Lutero na frente de seus seguidores entra em cena novamente… Esta afirmação foi (mais) uma magistral “alfinetada” do Pontífice ao luteranismo e, portanto, ao próprio fundador da revolta, Lutero. Ora, e o que é a fé protestante senão uma fé criada por um homem, ou seja, “por nós mesmos”, pessoas, seres falíveis e miseráveis? E o que são as hoje milhares de dissensões do protestantismo? Não são um exemplo daquela observação convenientíssima de nosso Senhor Jesus Cristo, de que “se um cego conduz a outro, tombarão ambos na mesma vala” (Mt 15, 14)? Não se aplica a estes que se afastaram da única Igreja fundada por nosso Senhor aquela passagem: “Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha” (Mt 12, 30)?
Seremos sempre mais unidos na medida em que voltarmos a Ele e nos deixamos transformar por Ele. Leia-se: seremos sempre mais unidos na medida em que voltarmos ao Seu Corpo Místico, desejando fazer parte também de sua estrutura visível, tendo como pontos comuns da fé não só a Trindade, a Divindade de Jesus ou a Ressurreição, mas também o Símbolo dos Apóstolos e os Sacramentos.
A maneira como o Papa critica o luteranismo é estratégica. Ele sabe que uma manifestação aberta e explícita de condenação pode, ao invés de aproximar os dissidentes da Igreja, gerar uma verdadeira campanha de propaganda midiática anticlerical ou mesmo manter distantes aqueles que estão em busca de um verdadeiro diálogo ecumênico. Mas, ao mesmo tempo, conhece a necessidade de deixar transparecer a unicidade e a santidade da Igreja para aqueles que estão de alguma forma dela afastados.
Os resultados de todos os esforços de Bento XVI para, a pedido de Jesus, promover e firmar a unidade entre os seus seguidores, são visíveis. A onda de conversão de anglicanos à fé católica, um grupo de fiéis anglo-luteranos que também estão voltando ao seio da verdadeira Igreja são alguns exemplos de como é frutuoso o trabalho de nosso Pontífice ao redor do mundo.
Rezemos por seu ministério, para que Deus o conserve fiel à missão que lhe foi confiada, e que não pereça ante as investidas do inimigo.
pPor Everth Queiroz Oliveira
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/