Quem está mais próximo do Reino de Deus?


25.09.2011 -

“Há teólogos que, à vista de todas as coisas terríveis que acontecem hoje no mundo, põem em dúvida se Deus não possa ser realmente omnipotente. Diversamente, nós professamos Deus, o Omnipotente, o Criador do céu e da terra. E sentimo-nos felizes e agradecidos por Ele ser omnipotente; mas devemos, ao mesmo tempo, dar-nos conta de que Ele exerce o seu poder de maneira diferente de como costumamos fazer nós, os homens. Ele próprio impôs um limite ao seu poder, ao reconhecer a liberdade das suas criaturas. Sentimo-nos felizes e agradecidos pelo dom da liberdade; mas, quando vemos as coisas tremendas que sucedem por causa dela, assustamo-nos. Mantenhamos a confiança em Deus, cujo poder se manifesta sobretudo na misericórdia e no perdão. E estejamos certos, amados fiéis, de que Deus deseja a salvação do seu povo. Deseja a nossa salvação, a minha salvação, a salvação de cada um. Sempre, mas sobretudo em tempos de perigo e transtorno, Ele está perto de nós, e o seu coração comove-se por nós, inclina-se sobre nós. Para que o poder da sua misericórdia possa tocar os nossos corações, requer-se a abertura a Ele, é necessária a disponibilidade para abandonar livremente o mal, levantar-se da indiferença e dar espaço à sua Palavra. Deus respeita a nossa liberdade; não nos constrange. Ele aguarda o nosso «sim» e, por assim dizer, mendiga-o.”

“No Evangelho, Jesus retoma este tema fundamental da pregação profética. Narra a parábola dos dois filhos que são convidados pelo pai para irem trabalhar na vinha. O primeiro filho respondeu: «“Não quero”. Depois, porém, arrependeu-se e foi» (Mt 21, 29). O outro, ao contrário, disse ao pai: «“Eu vou, senhor.” Mas, de facto, não foi» (Mt 21, 30). À pergunta de Jesus sobre qual dos dois cumprira a vontade do pai, os ouvintes justamente respondem: «O primeiro» (Mt 21, 31). A mensagem da parábola é clara: Não são as palavras que contam, mas o agir, os actos de conversão e de fé. Jesus, como ouvimos, dirige esta mensagem aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo de Israel, isto é, aos peritos de religião do seu povo. Estes começam por dizer «sim» à vontade de Deus; mas a sua religiosidade torna-se rotineira, e Deus já não os inquieta. Por isso sentem a mensagem de João Baptista e a de Jesus como um incómodo. E assim o Senhor conclui a sua parábola com estas palavras drásticas: «Os publicanos e as mulheres de má vida vão antes de vós para o Reino de Deus. João Baptista veio ao vosso encontro pelo caminho que leva à justiça, e não lhe destes crédito, mas os publicanos e as mulheres de má vida acreditaram nele. E vós, que bem o vistes, nem depois vos arrependestes, acreditando nele» (Mt 21, 31-32). Traduzida em linguagem de hoje, a frase poderia soar mais ou menos assim: agnósticos que, por causa da questão de Deus, não encontram paz e pessoas que sofrem por causa dos seus pecados e sentem desejo dum coração puro estão mais perto do Reino de Deus de quanto o estejam os fiéis rotineiros, que na Igreja já só conseguem ver o aparato sem que o seu coração seja tocado por isto: pela fé.“

- Papa Bento XVI, Homilia na Esplanada do Aeroporto de Freiburg
24 de setembro de 2011

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com


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