21.09.2011 - O risco existe e foi denunciado pelo cardeal de Viena, Schonborn, (foto) em rota de “colisão” com o clero dissidente que quer o casamento dos padres e a comunhão aos divorciados.
No último final de semana, o arcebispo de Viena denunciou publicamente o risco de cisma na Igreja austríaca. O líder do episcopado reiterou ao movimento de oposição interna do clero que violar a regra do celibato eclesiástico e admitir os divorciados em segunda união à comunhão coloca os sacerdotes dissidentes fora da Igreja.
Os promotores do manifesto reformador Apelo à desobediência, advertiu o cardeal, não conseguirão fazer com que a arquidiocese de Viena entre em rota de colisão com a Santa Sé. “Todas as possibilidades estão abertas, e eu conto com o diálogo e a cooperação”, afirmou o arcebispo, que, porém, exclui a ruptura com Roma. Os dissidentes, liderados pelo pároco Helmut Schüller, invocam uma série de reformas radicais ao Vaticano, em estreita colaboração com o movimento ultraprogressista Nós Somos Igreja, de Hans-Peter Hurka.
O Nós Somos Igreja é o verdadeiro motor propulsor da dissidência na Áustria. O movimento nasceu das cinzas do caso de Hans Hermann Groër, o antecessor de Schönborn em Viena. Foi depois das acusações de pedofilia contra Groër que, em Innsbruck e em Viena, alguns católicos quiseram reagir e lançar o célebre Apelo do Povo de Deus, uma agenda para a hierarquia da Igreja composta de pontos específicos.
Desde 1995 até hoje, o Apelo foi assinado por mais de dois milhões e meio de pessoas. Inicialmente, também houve o apoio de muitos bispos austríacos. Depois, os prelados foram chamados à ordem pelo Vaticano e retiraram sua adesão.
O conflito nas dioceses austríacas é uma constante dos últimos anos, entre abusos litúrgicos (como o “Corpus Domini” espetado e içado em procissão, na foto), irregularidades disciplinares, violações do celibato eclesiástico. Em junho de 2009, Bento XVI chamou a Igreja austríaca novamente à ordem, indicando “a urgência do aprofundamento da fé e da fidelidade integral ao Concílio Vaticano II e ao magistério pós-conciliar da Igreja”.
Dois anos atrás, o papa se confrontou com os bispos austríacos, que, nos últimos meses, haviam protestado noVaticano contra a revogação da excomunhão aos lefebvrianos e contra a nomeação em Linz de Gerhard Wagner.
O catolicismo austríaco está passando por uma grave crise: queda das vocações e de fiéis, forte polarização entre conservadores e progressistas, crescente sentimento antirromano.
Na primavera de 2009, a nomeação de Wagner quase causou uma revolta contra Roma. O papa foi obrigado a dar “meia-volta” ao aceitar a sua renúncia ao cargo.
Quem havia trazido novamente à ordem do dia, há dois anos, a questão da abolição do celibato eclesiástico havia sido justamente o líder da Igreja austríaca e da associação dos ex-alunos de Ratzinger. De acordo com o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, o celibato dos padres, “peculiaridade da Igreja Católica”, explica em parte os casos de pedofilia cometidos por sacerdotes. Em maio de 2010, o cardeal colocou em questão “tanto a educação dos padres, quanto as consequências da revolução sexual de 1968, e o celibato no desenvolvimento pessoal”, convidando a “uma mudança de visão”.
Há algum tempo, Schönborn apresentou à Cúria um apelo de proeminentes católicos austríacos pela abolição da obrigação do celibato, pelo retorno à atividade dos padres casados, pela abertura ao diaconato também para as mulheres e pela ordenação dos chamados viri probati. O “memorando”, acompanhado de uma nota de Schönborn, foi entregue ao ministério vaticano do Clero, com o pedido de “lê-lo atentamente” para que “alguém em Roma saiba o que uma parte dos nossos leigos pensa sobre os problemas da Igreja”.
Para os promotores da ação, o cardeal Schönborn havia prometido explicar noVaticano as suas motivações, “mesmo não as compartilhando todas”, junto com os relatórios sobre as consequências que a carência de padres está provocando em 46 paróquias diferentes, sobretudo nas áreas rurais.
E, no ano passado, o cardeal Schönborn abriu a assembleia diocesana de Vien aexigindo um mea culpa geral: “A Igreja só pode sair dessa crise devastadora purificando-se com um arrependimento verdadeiro, senão tudo será inútil”.
Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/
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