Horrorize-se: Filme com pedofilia, necrofilia e estupro de recém nascido chega ao Brasil


19.07.2011 - Há muito tempo um filme não causava tanta polêmica. Por onde passou (ou tentou passar), “A Serbian Film: Terror sem Limites” –longa que o RioFan, festival de cinema fantástico do Rio, exibe no próximo sábado– causou um grande barulho e chocou plateias e críticos.

Sua ficha corrida fala por si: é o filme mais censurado dos últimos 16 anos no Reino Unido (só foi liberado para exibição após 49 cortes).

Na Noruega, está vetado; na Espanha, rendeu um processo ao diretor do festival que o exibiu.

Também teve problemas com a lei na Alemanha (onde o laboratório que fez as cópias as destruiu após se dar conta do conteúdo) e em seu país de origem, a Sérvia.

“Isso tudo é espantoso para mim”, diz o diretor, o estreante sérvio Srdjan Spasojevic, 35, à Folha.

“Estamos no século 21, seria de imaginar que tudo já foi dito e visto, mas de novo estamos vendo uma caça às bruxas porque alguém não gostou de um filme.”

Não que se possa culpar alguém por não gostar de “A Serbian Film”. O longa tem incesto, pedofilia, necrofilia, violência a granel (incluindo dois assassinatos em que a arma é um pênis) e, em seu momento mais polêmico e chocante, o estupro de um recém-nascido.

“Quando terminei de assistir, senti um mal-estar, fiquei pensando ‘meu Deus, o que foi isso que eu vi?’”, conta Raffaele Petrini, 26, o responsável pela distribuição do filme no Brasil.

Dono de uma microdistribuidora maranhense criada neste ano, Petrini diz que pensava em lançar o filme apenas em DVD.

As polêmicas internacionais, no entanto, o fizeram considerar uma distribuição nos cinemas –ele passou em festivais em Porto Alegre e em São Luís anteontem, e tem data de lançamento programada para 5 de agosto, apesar de ainda não ter salas previstas nem classificação do Ministério da Justiça.

“Depois dos escândalos, assisti de novo, de modo objetivo, e vi que era um filme bom, apesar das cenas de violência. Ele é bem repugnante, mas não exalta a pedofilia nem a necrofilia.”

METÁFORA

“A Serbian Film” conta a história de um astro pornô aposentado que, por uma fortuna, aceita fazer um último filme, uma obra pornográfica com pretensões artísticas. Durante as filmagens, ele é drogado e forçado a cometer atrocidades sexuais.

“A ideia básica era expressar meus sentimentos sobre minha região e o mundo em geral. Por isso, o protagonista é um ator pornô, como uma metáfora para qualquer profissão onde as pessoas são violentamente exploradas”, explica Spasojevic.

O diretor também afirma que seu filme é uma alegoria política –a história se passa na Sérvia, como o título indica, e tem referências pontuais às turbulências recentes do país.

“Era inevitável ter esses elementos no filme. Cresci num período muito turbulento da Sérvia, com várias guerras durante minha infância, bombardeios da Otan. Como artista, fui inspirado por essas coisas, e elas não me inspiram a fazer nada bonito.”

Spasojevic não convenceu seus críticos, que o acusam de querer dar um verniz respeitável a um exercício sensacionalista e depravado.

“É um pesadelo de horror pornô mal atuado e mal dirigido, que aspira a ser uma sátira do lado negro da Sérvia moderna”, escreveu Peter Bradshaw no jornal britânico “The Guardian”.

Kim Newman, crítico da revista “Empire”, foi mais ponderado. “Cabe ao público julgar se o elemento político do filme é uma justificativa espúria para um exercício cínico e chamativo de quebra de tabus –mas deve ser o público, não os censores, a tomar essa decisão.”

Fonte: http://www.comshalom.org/blog/carmadelio/

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