Artigo de Everth Queiroz Oliveira: A Sabedoria redime o mundo com Seu Sangue


06.07.2011 -


Não sei se todos já tiveram a oportunidade de ler aquele trecho do livro dos Provérbios, no qual a Sabedoria fala de si mesma como aquela que estava junto de Javé “como o mestre-de-obras” (cf. Pv 8, 30). “Iahweh me criou, primícias de sua obra, de seus feitos mais antigos. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o princípio, antes da origem da terra” (Pv 8, 22-23). O trecho faz claríssima alusão à segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho. É óbvio que o judeu que lia este trecho, antes da vinda de Cristo, não pensava em falar coisas como “o Filho é consubstancial ao Pai” ou “o Verbo é gerado, não sendo criatura”. No entanto, como já recomenda-nos a Igreja, se é preciso ler o Antigo Testamento à luz da Nova Aliança, é sem dúvida deveras importante fazer esta ligação.

É que, embora saibamos que ao conhecimento de Deus podemos chegar pela razão natural, conforme indica-nos o Concílio Vaticano I, Ele não abandona os homens à sua própria sorte. Toda a história do povo de Israel é um constante chamado do Altíssimo à fidelidade, ao cumprimento da aliança de amor firmada entre o Senhor e seus servos. As palavras dos profetas, verdadeiramente inspiradas por Ele, não são apenas fragmentos de escritos esparsos, mas sim o apelo amoroso de um Pai que quer ver a conversão de seus filhos. Na boca de Ezequiel Javé coloca a bela exortação que segue:

“Assim, pois, casa de Israel, é segundo o vosso próprio proceder que julgarei cada um de vós – oráculo do Senhor Javé. Convertei-vos! Renunciai a todas as vossas faltas! Que não haja mais em vós o mal que vos faça cair. Repeli para longe de vós todas as vossas culpas, para criardes em vós um coração novo e um novo espírito. Por que haveríeis de morrer, israelitas? Não sinto prazer com a morte de quem quer que seja – oráculo do Senhor Javé! Convertei-vos, e vivereis!

- Ezequiel, 18, 30-32

O Deus amoroso de Israel, no entanto, quer estender seu plano de salvação a todos os homens. Faz isto por meio da Sabedoria eterna, o Verbo divino. “Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas” – começa assim a carta aos hebreus. Esta revelação do Pai aos profetas é conhecida como revelação pré-cristã. Ela aponta necessariamente para um novo horizonte, não está totalmente completa. “Ultimamente [Deus] nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas”. Aqui podemos contemplar toda a plenitude da Revelação divina. E – atentemo-nos – não haverá outra revelação. O que precisava ser dito foi espelhado em Jesus; o que urgia ser ensinado foi explicado definitivamente pelo Mestre. Se no livro dos Provérbios, a Sabedoria se contentava em contar como colaborou na Criação do Universo, os Evangelhos vêm nos falar da ação redentora do Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. A Sabedoria se fez carne, diz-nos São João. Habitou em nosso meio. Reconciliou-nos, mesmo, com Deus.

E foi suficientíssimo o sacrifício oferecido por Cristo. Diferentemente das celebrações do Velho Testamento, onde eram imolados animais, simples criaturas, a doação que se realiza na Cruz é uma oferenda feita pelo próprio Criador. A oferta verdadeiramente digna de Deus, enfim… De que mais precisamos? Por acaso deveríamos esperar – como desejam os seguidores de Allan Kardec, p. ex. – por uma “terceira” revelação?

Não mesmo. Ora, o que mais querem os homens? O próprio Senhor se fez carne para nos salvar, resgatou-nos com o preço de seu preciosíssimo Sangue. Será isto ainda insuficiente?

É certo que não, mas sabe-se que o desejo de pregar uma “nova” revelação está intimamente ligado à descrença no poder redentor do Sangue de Jesus. Diz um autor kardecista, chamado León Denis, que “a missão do Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade”. Ele chega a dizer que “[o] sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém”. [Ver mais comentários a tamanha estupidez neste antigo post de nosso blog.]

Triste ver o homem desprezando a Sabedoria, Aquela que é gerada pelo Pai desde toda a eternidade; triste constatar a indiferença de muitos em relação à pessoa de Cristo, Verbo encarnado. Falar desta indiferença hoje é comentar o erro da heresia ariana. O Filho não é criatura do Pai; é, pelo contrário, o próprio Deus. São três pessoas realmente distintas; uma só natureza divina; um só Senhor. Jesus não é, portanto, apenas um homem; não é apenas uma figura marcante ou, como querem muitos, um simples reformador social. Jesus é Deus que se entregou para nos salvar. O centro de toda a história humana está no máximo ato de amor divino. “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Graça e paz.  Salve Maria Santíssima!

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/

 


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