23.06.2011 - Dizem que ele não tinha a intenção. Mas em 31 de outubro de 1517, quando o frade agostiniano alemão Martinho Lutero (1483-1546) se revoltou com os rumos do catolicismo e propôs uma reforma na Igreja, pregando suas 95 teses na porta do da igreja do castelo de Wittenberg, no estado alemão da Saxônia e acabou mudando o destino do mundo inteiro. Naquela época, reis, príncipes, e duques estavam insatisfeitos em prestar obediência ao papa, por isso, aproveitaram o movimento para proclamar sua independência não só religiosa, mas também política e econômica. Eles viraram protestantes, brigaram com Roma e, de quebra, apossaram das terras da Igreja e criaram seus próprios reinos independentes. “Foi assim que o nacionalismo ganhou força, monarquias se desenvolveram e línguas e culturas nacionais puderam finalmente ganhar espaço”, conta o teólogo Haroldo Reimer, professor da PUC de Goiás. Sem a Reforma, no entanto, a Igreja Católica continuaria a mandar na Europa, contando com o apoio do seu braço forte, Sacro Império Romano-Germânico, da família alemã dos Habsburgos. “A Alemanha, na figura do império e com a bandeira católica, teria conseguido se expandir cada vez mais, unificando os reinados europeus no século XVI, e se tornaria a maior potência mundial”, conta o historiador Wilson Maske, professor da PUC do Paraná. O lado bom: não teria havido a Primeira Guerra Mundial, o nazismo nem a Segunda Guerra. “Esses conflitos foram deflagrados pelo atraso da unificação alemã e pela sua frustação por não ser uma grande potência”, explica Wilson. O lado ruim: alguns países nem se quer existiram – como os EUA. O Holocausto não teria acontecido, mas judeus sumiriam: seriam convertidos á força pela Inquisição. E o destino do Brasil não seria muito diferente – com exceção de nossa diversidade religiosa. Em vez de vários credos, haveria apenas o catolicismo (1).
O erudito historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-1897), autor da obra universal: Reflexão Sobre A História escreve: “Parece-nos, portanto lamentável, por exemplo, que a Reforma Protestante tenha sido compelida a adotar uma atitude política definida, a combater com armas materiais uma potência materialmente temível e a fazer-se representar amiúde por governos cuja preocupação principal era apossar-se dos bens da Igreja e não purificar a crença religiosa” (2).
A questão doutrinária era apenas em detalhe, o que estava em jogo era o poder político e econômico, haja vista a tomada das propriedades da Igreja Católica pela liderança protestante.
No século XVI, houve na verdade uma deformação protestante que criou um sistema religioso intolerante e divisionista. A divisão tem como fundamento as heresias e a ganância financeira. A divisão no protestantismo é um escândalo sem fim.
O protestantismo pariu filhos malditos como: o capitalismo. Uma das suas vertentes hoje é a famigerada teologia da propriedade. A teologia liberal e o seu relativismo e o fundamentalismo das seitas pseudocrístão.
A divisão no cristianismo é uma vergonha para o mundo. Contrário dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim Cristo orou ao Pai: “Não rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra, crerão em mim: a fim de que todos sejam um” (Jo 17, 20.21).
Vamos trabalhar tremendamente pela unidade da Santa Igreja de Deus. O ecumenismo é a resposta de amor que o mundo urgentemente precisa! Promover a unidade e comunhão dos cristãos é uma forma muito eficaz para evangelizar e testemunhar as maravilhas do Reino de Deus.
Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: [email protected]
Fontes
(1) Super Interessante, Janeiro de 2011, p. 34.
(2) Jocob Burckhardt. Reflexões Sobre A História, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1961, p. 257.