06.06.2011 - Uma viúva disse não acreditar em Deus, mas reza para Ele desde que morreu o seu marido porque assim ela se sente bem com a memória do falecido, que foi uma pessoa religiosa. Essa mulher faz parte de uma nova tendência detectada pelo jornalista especializado em religião Koert van der Velde em seu país, a Holanda. Trata-se do que ele chama de religião sem crença.
Velde escreveu uma dissertação sobre essa suposta tendência, mas ela fica mais fácil de ser entendida pelos exemplos citados por ele.
A religião sem crença, segundo ele, é como o horóscopo cujos milhões de adeptos sabem que se trata de uma bobagem, mas a fantasia de que o seu destino sofre a influência do movimento dos astros lhes dá uma certa segurança. Emocionalmente, é um ganho.
"A religião tradicional foi desmascarada pela ciência", diz Velde. “Darwin, por exemplo, demonstrou que o mundo não foi criado em sete dias, mas desenvolveu-se gradualmente, sem necessidade de intervenção divina.” Mas ainda assim, disse, "muitas pessoas continuam a praticar a religião de uma forma ou outra, tais como na astrologia, na terapia de vidas passadas e nos treinamentos espirituais no mundo dos negócios."
Velde, que entrevistou centenas de pessoas para escrever a dissertação, disse que a religião sem crença expressa uma transição característica deste início de século: as pessoas, ao menos na Holanda, estão se tornando seculares, mas por enquanto mantêm um pé na crença por causa de suas raízes culturais, as quais, inclusive, em muitos casos dão um sentido a sua vida ao estabelecer uma possível “conexão com outro mundo”.
A dissertação de Velde se chama “Flertando com Deus”, em uma referência a uma “promessa sem garantia”, que é uma ideia desenvolvida pelo escritor tcheco Milan Kundera.
Portanto, segundo ele, trata-se de um flerte que não tem nenhuma consequência. Para exemplificar, Velde recorre de novo ao horóscopo ao afirmar que muitas pessoas se dedicam à astrologia e sobre ela podem falar horas, com riqueza de detalhes.
“Mas se você perguntar a essas pessoas se realmente acreditam naquilo tudo, a resposta é imediata: ’Claro que não, tudo isso é um mero passatempo.’”
Com informação do site da Rádio Nederland. e http://www.paulopes.com.br/
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