02.04.2011 - Os prejuízos causados pelo recente tsunami do Japão à vida animal não se restringiram ao país. Milhares de albatrozes, peixes e outras espécies ameaçadas foram mortos após a onda atingir o atol de Midway, no noroeste do Havaí. Mas enquanto operações de resgate se iniciam em santuários remotos, como no caso dos atóis, a situação no Japão é mais grave. Veterinários de diversos zoológicos do país relataram falta de gás, combustível para aquecedores, comida e água potável para os animais, e alguns consideram a transferência de suas espécies de mamíferos marinhos para outras regiões menos afetadas.
Os animais que estavam fora dos zoológicos, porém, não tiveram a oportunidade de serem salvos. "A maioria dos animais terrestres que viviam nas áreas alagadas morreram afogados devido ao volume e à velocidade com a qual a água invadiu o continente", diz o professor do Departamento de Biodiversidade e Ecologia da Faculdade de Biociências da PUCRS, Júlio César Bicca-Marques.
O biólogo aponta os detritos e destroços que contaminaram o mar após a destruição de casas, carros e barcos como uma das grandes ameaças às espécies do local. "Os destroços aumentarão a poluição, e desta forma, poderão comprometer a sobrevivência dos seres vivos marinhos, especialmente aqueles que vivem na região próxima à costa", explica.
Conforme Bicca-Marques, outra séria consequência de eventos nos quais o mar alaga grandes extensões do ambiente terrestre é a salinização de reservatórios de água doce e o transbordo da rede de esgotos. "O transbordo reduz a qualidade e a disponibilidade de água potável ao contaminá-la com agentes patogênicos, aumentando a incidência de doenças em seres humanos e outros animais. Assim, a água que invadiu a terra retorna para o mar contaminada, contribuindo ainda mais com a poluição do ambiente marinho", diz o especialista.
Especulações dos cientistas
A real extensão dos danos à vida selvagem ainda vai demorar a ser revelada. Com base em estudos sobre as consequências do terremoto ocorrido na costa da Sumatra em 2004, cientistas especulam que sistemas de corais sejam bastante atingidos no ambiente marinho. Nas áreas terrestres, as regiões de serviam de fonte de alimento e que foram soterradas por areia podem nunca se recuperar, enquanto outras podem voltar ao normal conforme o fluxo de chuva.
Mas diferente de 2004, o tsunami do Japão ainda provocou o vazamento da usina nuclear de Fukushima, e frente à radioatividade, os animais estão expostos aos mesmos riscos que os humanos. "Os riscos da radioatividade para os animais são os mesmos que são conhecidos para nós: câncer, doenças hereditárias, comprometimento do funcionamento de órgãos e tecidos, malformação fetal, esterilidade, cataratas e problemas de pele", aponta o biólogo.
Como os humanos se alimentam de produtos de origem animal, a população das áreas próximas à usina de Fukushima foi orientada a evitar o consumo de leite e peixes. Em documento oficial, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que a radioatividade foi detectada em alimentos que apresentavam nível de iodo radioativo acima dos limites regulamentados no país, e com menores concentrações de césio.
Fazendeiros foram aconselhados à proteger seus rebanhos com lonas de plástico impermeáveis, enquanto exames frequentes avaliam a saúde de animais domésticos que estão em abrigos, junto dos seus donos. Mesmo assim, a diminuição da vida animal, seja ela de aves, peixes ou animais terrestres, é inevitável.
"Não há dúvida. Todas as consequências do tsunami e do vazamento de material radioativo provocaram, e continuarão provocando, uma diminuição significativa nas populações da maioria dos animais das áreas atingidas, seja pela morte de indivíduos adultos e jovens, seja pelo comprometimento do processo reprodutivo das espécies, através da destruição de ovos, por exemplo, além da devastação de áreas de procriação e redução da disponibilidade de alimento decorrente da destruição dos habitats e poluição", diz Bicca-Marques.
Especialista destaca a contaminação de peixes no Japão
Entre as observações da pesquisadora Emico Okuno sobre o acidente nuclear em Fukushima, percebe-se a capacidade humana em corrigir os efeitos negativos da contaminação. Mas parece fora de controle a propagação entre os animais marinhos. "É um pouco mais problemático", admite a professora do Departamento de Física Nuclear do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP).
- Se você pescar algum peixe que veio da região, pode ter problema - adverte.
Existem ainda chances de a contaminação se espalhar por meio da cadeia alimentar oceânica e das migrações de seres vivos para outras áreas do planeta.
A especialista não estima quanto tempo vai durar o problema, até porque continua vazando material tóxico. "São quatro reatores bastante danificados. Ainda estão tentando resolver estoicamente, minimizar, para que a radiação não saia", lembra.
O desastre ucraniano de 1986, embora tenha sido em proporções muito maiores, lhe serve como referência. "Na região de Chernobil, ainda hoje há rios em que os peixes estão contaminados. O rio não tem uma quantidade imensa de água para distribuir", conta Emico, doutora em Física e com experiência em instituições estrangeiras.
Outro exemplo situa-se no Oceano Pacífico. "Os americanos fizeram cerca de 66 testes nucleares no Atol de Biquíni. Lá até hoje existe coqueiro contaminado, o coco tem um pouco de césio".
A cidade japonesa de Hiroshima, alvo de bomba atômica em 1945, entretanto, não apresenta mais contaminação. "Não tem mais vestígios, é belíssima, com progresso, com prédios imensos, cheia de flores de cerejeira", comemora a professora.
Ela conta que aquelas vítimas são monitoradas até hoje, assim como seus filhos e netos, que sofrem com efeitos hereditários do bombardeio. "Continua aumentando a incidência de todos os tipos de câncer, exceto leucemia, entre os sobreviventes. É o estudo mais bem documentado sobre os efeitos biológicos das radiações".
A contaminação atual não passa nem perto do que viveu o Japão em 1945. "É completamente diferente. Agora é incomparavelmente menor. Naquelas explosões, foram jogadas bombas para matar gente mesmo. Explodiram no ar, não explodiram no chão. Foi uma quantidade imensa de material radioativo numa área razoavelmente pequena", descreve Emico Okuno.
Na União Soviética, porém, o alcance se ampliou. "A explosão em Chernobil liberou material radioativo em quantidade muito maior do que em Hiroshima. Só que a poeira radioativa acabou descendo nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, e um pouco no mar, enquanto a poeira radioativa de Chernobil se espalhou pela Europa inteira, foi para o ar", detalha a pesquisadora, que considera muito pequena a contaminação de Fukushima que se alastrou para a Europa.
Fonte: Terra noticias
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Diz na Sagrada Escritura:
"Ouvi a palavra do Senhor, filhos de Israel! Porque o Senhor está em litígio com os habitantes da terra. Não há sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra. Juram falso, assassinam, roubam, cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio. Por isso, a terra está de luto e todos os seus habitantes perecem; os animais selvagens, as aves do céu, e até mesmo os peixes do mar desaparecem." (Os 4, 1-3)
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