Quando ministros ordenados da Igreja Católica e pastores das comunidades evangélicas se manifestaram contrários à candidatura de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, foram acusados de retrógrados, fanáticos, fundamentalistas e mais um número infindável de adjetivos pejorativos. O resultado das eleições veio e, com ele, a comemoração dos acusadores. O projeto político do presidente Lula teria continuidade em Dilma. A defesa da descriminalização do aborto continuaria tendo o apoio do Presidente da República. O nome mudou, é certo, mas a proposta totalitária de permitir o assassinato de inocentes sem que haja punição para quem cometa tamanha crueldade, essa ideia continua a imperar; e não só na cabeça da “Presidenta”, mas também na mente daquelas que são suas ministras.
Ao todo, são nove as mulheres sinis… quero dizer: ministras. Da esquerda para a direita, na foto, estão Helena Chagas, ministra da Comunicação Social, Luiza Bairros, da Igualdade Racial, Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, Ideli Salvatti, da Pesca, Miriam Belchior, do Planejamento, Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, Ana de Hollanda, do ministério da Cultura, Izabella Teixeira, do Meio Ambiente e, enfim, Iriny Lopes, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, da qual já falamos aqui neste espaço.
Nenhuma das mulheres da foto se manifesta contrária à legalização do aborto. A observação parte da leitura da revista Marie Claire, que conversou com as ministras. Algumas não deixaram sua posição clara, é verdade (afinal, o assunto é polêmico e, depois da onda pró-vida que comoveu os brasileiros nas eleições do ano passado, muitas abortistas ainda não tiveram coragem para sair do buraco): das nove ministras, apenas uma (Luiza Bairros) não quis falar do tema, enquanto seis defenderam explicitamente a despenalização da prática. Outras duas mantiveram um discurso ambíguo, mas que dá ampla margem à mesma interpretação (o discurso delas é algo do tipo: “o Estado brasileiro deve tomar alguma providência” ou “sou a favor da vida dos fetos, mas também das mulheres”… coisa que se assemelha muito ao famoso – e já detonado – argumento “há mulheres fazendo abortos clandestinos e elas não devem ser penalizadas por isso”). De uma maneira geral, podemos sim dizer que o Brasil está sendo chefiado por uma comissão abortista – colocada no poder pelos eleitores do “maior país católico do mundo”.
Compilamos abaixo as respostas completas das ministras à questão da legalização do aborto.
Ana de Hollanda: Sou [a favor da legalização].
Iriny Lopes: As mulheres têm de ter o direito de decidir e o estado deve ampará-las nesta decisão. Nenhuma mulher gosta de passar por uma situação dessas.
Maria do Rosário: É um tema que precisa ser trabalhado pela sociedade e as mulheres brasileiras precisam ser escutadas. O que é um tema de saúde pública foi transformado num tema eleitoral nos últimos tempos. Não foi justo o que tentou se fazer com a presidenta Dilma como mulher, colocá-la em uma situação difícil. Foi muito adequado quando ela respondeu que essas circunstâncias não devem ser tratadas como um caso de polícia, mas sim de saúde pública. Sou favor de que no Brasil se cumpra a legislação, que diz respeito à questão do estupro, da violência de um modo geral. Acho que nós devemos avançar na questão do risco de vida da mãe, assegurando a agilização desses procedimentos. Concordo também nos casos de anencefalia, que não tenhamos essa dor perpetuada para as mulheres durante a gravidez. Essa é a minha posição institucional. Minha posição pessoal é contrária de que as mulheres sejam penalizadas.
Tereza Campello: A questão do aborto é uma questão que o estado brasileiro não pode se omitir. Decidi ser mãe e tive que batalhar bastante para poder engravidar. Não fiz tratamento. Engravidei com 43 anos. Se tivesse a oportunidade, seria mãe de novo.
Miriam Belchior: (…) Sou a favor de que as mulheres que tomam esta difícil decisão recebam tratamento adequado e não sejam criminalizadas por isso.
Ideli Salvatti: Sou a favor da vida. Não só dos fetos, mas também das mulheres que correm riscos ao fazer abortos em clínicas clandestinas.
Helena Chagas: O aborto é uma questão de foro íntimo, da mulher. Não se pode impor do ponto de vista pública. Ninguém deve impor isso a ninguém. É uma escolha pessoal.
Izabella Teixeira: Acho que não faria, mas sou a favor de que sociedade tenha o direito de exercer opções. Sou completamente a favor que a mulher decida sobre qualquer assunto que lhe compete. Ninguém tem que carregar a culpa de ninguém.
Luiza Bairros: Essa coisa de opinião pessoal de ministro causa problema…
Rezemos mais do que nunca pelo Brasil. Para que Nossa Senhora da Conceição Aparecida livre nossa nação do flagelo do aborto.
Graça e paz.
Salve Maria Santíssima!
A propósito, só tivemos acesso à entrevista dada pelas ministras à revista Marie Claire graças ao blog O Possível e O Extraordinário.
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/