Quem é limpo deve evitar o que ameace a sua pureza


06.03.2011 - Por Everth Queiroz Oliveira

O Evangelho da Santa Missa deste Domingo é assaz adequado para o tempo de festas em que estamos. “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas o que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7, 21). Para que nos salvemos, é preciso que estejamos em estado de graça, evitando aquilo que desagrada o Altíssimo e praticando, ao mesmo tempo, aquilo que Ele quer de nós. Com efeito, o que recebemos pelo sacramento do Batismo – a graça santificante – só conservar-se-á em nossa alma se formos prudentes, se estivermos sempre atentos a fugir do pecado, por amor a Deus e à nossa própria alma. Como disse o papa Bento XVI em colóquio com os seminaristas da Diocese de Roma, “o Batismo (…) não produz automaticamente uma vida coerente: essa é fruto da vontade e do compromisso perseverante de colaborar com o dom, com a Graça recebida”.

Comecemos nossa reflexão com um alerta de São João apóstolo: “Ó terra e mar, cuidado! Porque o Demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12, 12). Nestes dias de Carnaval, essas palavras parecem fazer realmente muito sentido. O Demônio desceu para vós. É verdade. Toda a horda maligna parece povoar as praças, sambódromos e outros lugares de festejos carnavalescos nestes tempos. E ela desce cheia de grande ira. É possível observar a falta de modéstia nas roupas de mulheres que desfilam em escolas de samba, a falta de respeito nas músicas que são ouvidas pelos foliões, a falta de moderação na hora de ingerir bebidas alcoólicas. Todos parecem se esquecer dos mandamentos da Lei de Deus, dos preceitos evangélicos, das palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, dos alertas dos Santos da Igreja (dos quais inclusive falaremos mais adiante).

Quando falamos de prudência e vigilância – virtudes que estão em falta no mundo de hoje -, da necessidade de cuidar-se, falamos – é claro – da observância dos Mandamentos. Só se salva aquele que põe em prática a vontade de meu Pai. Nestes dias de Carnaval, queremos aludir, de um modo especial, ao sexto mandamento do Decálogo, que nos exorta a não pecar contra a castidade. Já foi dito – por São João Bosco e mais uma dezena de santos, se não me engano – que o pecado que mais leva almas para a perdição eterna é justamente a impureza. Que cuidado deviam os católicos tomar nestes dias, nos quais as pessoas geralmente se reúnem não para desfrutar de uma diversão sadia, mas sim para participar do adultério, da bebedeira, da prostituição! Que cuidado devíamos ter! Será que estamos realmente preocupados com a salvação de nossa alma?

Para que nos ajude a refletir melhor sobre nossos atos nesta festa de Carnaval, transcrevo trecho do livro “A Fé Explicada”, do sacerdote americano Leo Trese, no qual ele fala sobre a virtude da modéstia:

“A modéstia não é a castidade, mas é a sua guardiã, a sentinela que protege os acessos à fortaleza. A modéstia é uma virtude que nos leva a abster-nos de ações, palavras ou olhares que possam despertar o apetite sexual ilícito em nós mesmos ou em outros. As ações podem ser beijos, abraços ou carícias imprudentes; podem ser formas de vestir atrevidas ou leituras de escabrosos romances ‘modernos’. As palavras podem ser relatos sugestivos de cores fortes, canções obscenas ou de duplo sentido. Os olhares podem ser os que seguem banhistas de uma praia ou os que se concentram numa janela indiscreta, a contemplação mórbida de fotografias ou desenhos em revistas ou folhinhas. É certo que tudo é limpo para os limpos, mas também quem é limpo deve evitar tudo aquilo que ameace a sua pureza.”

- Pe. Leo Trese, A Fé Explicada
edição em PDF
, pg. 203

Os grifos são meus e foram feitos justamente para mostrar que aquilo que pede a modéstia está em evidente contradição com aquilo que se tornou a festa de carnaval hoje. “Beijos, abraços e carícias imprudentes” podem ser notados em qualquer festa mundana, seja ou não carnavalesca. “Formas de vestir atrevidas” são claras referências às mulheres seminuas que desfilam com os carros alegóricos no sambódromo do Rio. “Canções obscenas ou de duplo sentido” são aquelas malditas músicas que revelam desejos promíscuos de traição e incitam a movimentos sensuais e provocativos. Por exemplo, uma mulher revela, na letra de uma música, que o sujeito com o qual quer praticar o coito é casado. “Eu sei que você é casado / como é que eu vou te explicar…”, e o resto não pode ser mencionado aqui neste espaço para preservar o leitor de constrangimento.

Todas essas coisas ameaçam a nossa pureza. E – alerta o pe. Leo Trese – quem é limpo deve evitar tudo aquilo que ameace a sua pureza. Os conselhos para fugir das ocasiões de pecado partem também dos Santos católicos. Abaixo uma compilação de exortações destes virtuosos homens, falando sobre a terrível festa do Carnaval, pedindo aos cristãos também que busquem reparar os pecados cometidos nestes dias contra o Sagrado Coração de Jesus:

Santa Faustina Kowalska: “Nestes dois últimos dias de carnaval, conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista”.

Santa Margarida Maria Alacoque: “Numa outra vez, no tempo de carnaval, apresentou-me, após a santa comunhão, sob a forma de Ecce Homo, carregando a cruz, todo coberto de chagas e ferimentos. O Sangue adorável corria de toda parte, dizendo com voz dolorosamente triste: Não haverá ninguém que tenha piedade de mim e queira compadecer-se e tomar parte na minha dor no lastimoso estado em que me põem os pecadores, sobretudo, agora?”.

São Vicente Ferrer: “O carnaval é um tempo infelicíssimo, no qual os cristãos cometem pecados sobre pecados, e correm à rédea solta para a perdição”.

Santo Afonso Maria de Ligório: “Não é sem razão mística que a Igreja propõe hoje à nossa meditação, Jesus Cristo predizendo a sua dolorosa Paixão. Deseja a nossa boa Mãe que nós, seus filhos, nos unamos a ela na compaixão de seu divino Esposo, e o consolemos com os nossos obséquios; porquanto, os pecadores, nestes dias mais do que em outros tempos, lhe renovam os ultrajes descritos no Evangelho. Nestes tristes dias os cristãos, e quiçá entre eles alguns dos mais favorecidos, trairão, como Judas, o seu divino Mestre e o entregarão nas mãos do demônio. Eles o trairão já não às ocultas, senão nas praças e vias públicas, fazendo ostentação de sua traição! Eles o trairão, não por trinta dinheiros, mas por coisas mais vis ainda: pela satisfação de uma paixão, por um torpe prazer e por um divertimento momentâneo. Uma das baixezas mais infames que Jesus Cristo sofreu em sua Paixão, foi que os soldados lhe vendaram os olhos e, como se ele nada visse, o cobriram de escarros, e lhe deram bofetadas, dizendo: Profetiza agora, Cristo, quem te bateu? Ah, meu Senhor! Quantas vezes esses mesmos ignominiosos tormentos não Vos são de novo infligidos nestes dias de extravagância diabólica? Pessoas que se cobrem o rosto com uma máscara, como se Deus assim não pudesse reconhecê-las, não têm vergonha de vomitar em qualquer parte palavras obscenas, cantigas licenciosas, até blasfêmias execráveis contra o Santo Nome de Deus. Sim, pois se, segundo a palavra do Apóstolo, cada pecado é uma renovação da crucifixão do Filho de Deus, nestes dias Jesus será crucificado centenas e milhares de vezes”.

Extraído do blog Fazei o que Ele vos disse

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com

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