25.06.2010 - “Através desta oração coral, que encontra o seu cume na participação cotidiana no Sacrifício Eucarístico, a vossa dedicação ao Senhor no silêncio e no escondimento é tornada fecunda e fértil, não somente em ordem do caminho de santificação e purificação pessoal, mas também no que diz respeito àquele apostolado de intercessão que desenvolveis por toda a Igreja, para que possa aparecer pura e santa diante do Senhor. Vós, que bem conheceis a eficácia da oração, experimentais todo o dia quantas graças de santificação ela pode obter à Igreja.”
(Papa Bento XVI, Homilia no Mosteiro Dominicano de Santa Maria do Rosário; 24 de junho de 2010)
O Santo Padre mais uma vez manifesta-nos a necessidade constante da oração, e não apenas dela, como também da vida contemplativa. Urge cada vez mais alto a necessidade de termos pessoas constantes na oração, que possam levar uma vida contemplativa e nela descobrir o verdadeiro rosto de Deus. Verdadeiramente não são as alegrias terrenas que nos farão contemplar a face de Deus, mas o nosso interior, a nossa condição de pessoas e de cristãos.
Para quantos no mundo hodierno parece-se uma insensatez, ou até mesmo uma loucura, a vida de clausura, ao qual muito dos nossos irmãos se detém? Mas a Igreja, constantemente, por meio dos Santos Padres sobretudo, nos convida a olharmos de forma diferenciada para esta vida de oração que a muitos enriquece. Quem sabe orar faz da sua vida um céu, quem não sabe a transforma em um inferno. Isto porque se a oração não nos dirige para Deus, e fere a nossa fé cristã nos fazendo cair na presunção da autossuficiência, não poderá ser boa e muito menos poderá pôr-nos em profundo contato com Deus, mas atirar-nos-á em um abismo, um existencialismo puro, sem um destino e sem Alguém que lhe dará pelo valor.
Só a oração verdadeira e íntima com Deus, que brota do coração, pode realmente fazer com que os homens e mulheres – especialmente os que dedicam suas vidas a rezar pelo mundo nos mosteiros – sintam o abraço do Pai e nele encontrem plena realização. Em um mundo tomado por ideologias que contrastam fortemente os sagrados ensinamentos evangélicos e os preceitos da moral católica, somos convidados a perseverar, como bem nos exorta São Pedro: “Sede, portanto, prudentes e vigiai na oração.” (1 Pd 4, 7).
São João Crisóstomo fala sobre os monges:
“Ali há uma só riqueza para todos, a verdadeira riqueza, e uma só glória para todos, a verdadeira glória, pois não põem os bens nos nomes, mas nas coisas: um só prazer, um só desejo, uma só esperança para todos. Tudo está perfeitamente ordenado como com régua e esquadro. Não há ali desordem alguma. Tudo é ordem, ritmo e harmonia, e concórdia absoluta, e motivo constante de alegria. Por isto todos fazem e sofrem tudo para que todos vivam felizes e contentes. E assim, só entre os monges podemos ver esta pura alegria que não acontece em nenhuma outra parte, não só porque desprezaram o presente e cortaram pela raiz toda ocasião de dissensão e luta; não só porque têm as mais belas esperanças para o futuro, mas também pelo fato de que cada um considera como seu tudo quanto acontece de alegria ou tristeza aos demais. Deste modo, a tristeza desaparece facilmente, pois todos levam a carga, como se fossem um só, e se acrescentam os motivos de alegria, pois não se alegram só pelos próprios bens, mas também – e não menos que pelos próprios – pelos bens alheios”.
- Contra os impugnadores da vida monástica
Discurso III, cap. 21
Se muitos soubessem o verdadeiro valor da vida monástica e religiosa não a atacariam tão vorazmente, e muito menos a colocariam como castigo. Da oração brota o amor. E quem primeiro ama são aqueles que mais rezam. Logo, em nenhum momento ousaria dizer que amo mais que um religioso, ou um monge, ou uma freira. É Deus que ama o mundo por meio deles, é Deus que nos ama por meio dos sacerdotes.
Os Santos são exemplo vivo disto: Santa Teresinha do Menino Jesus, São Bento, Santo Antonio e tantos outros, que, apesar de não serem monges, viviam em alguma congregação.
Doar-se e doar-se sem reservas: eis um lema que deve centralizar a vida cristã. Aquele que se doa em primeiro lugar doa-se à oração. E se muitos soubessem o inexaurível valor da oração não a excluiriam de suas vidas, mas saberiam que ali achariam forças para nutrir a caminhada neste mundo e nos garantir a salvação no próximo.
Não basta rezar, é necessário saber rezar.
Encerro com as sábias palavras de São Paulo, que são tão consoladores à todos nós: “Sede alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração” (Rm 12, 12).
Fraternalmente em Cristo Jesus e Maria Santíssima!
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com