A instituição da Eucaristia – Säo Pedro Julião Eymard


15.01.2010 - Como é bom o Senhor Jesus! Como é amoroso! Não satisfeito de fazer-se nosso irmão pela Encarnação, nosso Salvador pela Paixão, não contente de entragar-se por nós, quer levar o amor ao ponto de tornar-se nosso Sacramento de vida!

Com que alegria preparou Ele Esse grande e supremo Dom de Sua dileção!

Com que felicidade instituiu a Eucaristia e no-l’A deixou em testamento!

Acompanhemos a divina Sabedoria na preparação da Eucaristia. Adoremos Seu poder, exaurindo-Se Ela própria nesse ato de amor.

Jesus revela a Eucaristia com grande antecedência.

Nasce em Belém, a casa do pão – domus panis. Ali, acha-Se deitado sobre a palha, que parece então suportar a espiga do verdadeiro trigo.

Em Caná e no deserto, ao multiplicar os pães, é a Eucaristia Que Ele revela; ali também, Jesus promete a Eucaristia. É uma promessa pública, formal.

Ele afirma, com juramento, que dará a Sua carne por comida e o Seu sangue por bebida.

É a preparação remota. Chega depois o momento de preparar mais imediatamente a Eucaristia. Neste caso, Jesus mesmo quer preparar tudo. O amor não transfere a ninguém as suas obrigações; tudo faz por si mesmo. É a sua glória.

Ora, Jesus designa a cidade: Jerusalém, a cidade do sacrifício da antiga Lei.

Designa a casa: o Cenáculo.

Escolhe os ministros dessa obra: Pedro e João. Pedro: o discípulo da fé, e João: o discípulo do amor.

Indica a hora: a última de Sua vida, da qual poderá dispor livremente.

Enfim, dirige-Se de Betânia ao Cenáculo: está alegre; ativa o passo; tarda-Lhe chegar. O amor voa ao encontro do sacrifício.

Mas eis a instituição do augusto Sacramento. Que momento! Soou a hora do amor; vai consumar-se a Páscoa mosaica; o Cordeiro verdadeiro vai substituir a figura; o Pão de vida, o Pão vivo, o Pão do Céu, substitui o maná do deserto… Tudo está pronto; os Apóstolos estão puros: Jesus acaba de lavar-lhes os pés. Jesus senta-se modestamente à mesa: é necessário comer a nova Páscoa assentado, no repouso de Deus.

Faz-se grande silêncio: os Apóstolos acham-se atentos e olham.

Jesus recolhe-Se em Si mesmo; toma o pão em Suas santas e veneráveis mãos, ergue os olhos ao Céu, rende graças a Seu Pai por esta hora tão desejada, estende a mão, abençoa o pão…

E enquanto os Apóstolos, penetrados de respeito, não ousam perguntar o significado desses símbolos tão misteriosos, Jesus pronuncia as arrebatadoras palavras, tão poderosas quanto a palavra criadora:

Tomai e comei, Isto é o Meu Corpo. Tomai e bebei, Isto é o Meu Sangue.

Está consumado o mistério do amor. Jesus cumpriu a Sua promessa. Nada mais tem a dar, senão Sua vida mortal na Cruz; Ele a dará e ressuscitará para tornar-Se nossa Hóstia perpétua de propiciação, Hóstia de comunhão, Hóstia de adoração.

O Céu acha-se arrebatado à vista d’Esse mistério. A Santíssima Trindade O contempla com amor. Os anjos O adoram, tomados de admiração.

E de que estremecimentos de raiva não são tomados os demônios nos infernos!…

Sim, Senhor Jesus, tudo está consumado! Nada mais tendes para dar ao homem, para provar-lhe o Vosso amor. Agora podeis morrer; não nos deixareis, nem pela morte. Vosso amor acha-se eternizado sobre a terra; voltai ao Céu de Vossa glória, a Eucaristia será o Céu de Vosso amor.

Ai de nós! Se o amor de Jesus no Santíssimo Sacramento não nos conquistar o coração, Jesus estará vencido. Nossa ingratidão será maior que Sua bondade; nossa malícia mais poderosa que Sua caridade! Oh! Não, meu bom Salvador, Vossa caridade me oprime, me atormenta, me constrange.

Fonte: Blog São Pio V


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