07.01.2010 - Cientistas identificaram uma estrela a 3.260 anos luz da Terra que pode se transformar em uma supernova e, nesse caso, ameaçar a camada de ozônio do planeta tornando-o inabitável. Os astrônomos americanos que identificaram a "bomba relógio" a partir de imagens do telescópio Hubble anunciaram a descoberta na reunião da Sociedade Americana Astronômica (AAS, na sigla em inglês), nesta semana, em Washington DC.
De acordo com o astrônomo Edward Sion, da Villanova University, na Filadélfia, a estrela T Pyxidis parece destinada a explodir com força para se transformar em uma supernova - corpos celestes que surgem depois de explosões de estrelas com mais de 10 massas solares.
A esta distância, dizem os astrônomos, a explosão poderia destruir a camada de ozônio da Terra, deixando o planeta vulnerável a radiações. A estrela já apresentou explosões menores no passado, em intervalos constantes de aproximadamente 20 anos, em 1890, 1902, 1920, 1944 e 1967. Mas a estrela não apresenta explosões há 44 anos, e os astrônomos não sabem a explicação.
Um novo estudo usando informações do satélite International Ultraviolet Explorer mostrou que a T Pyxidis está muito mais próxima da Terra do que se imaginava e que se trata, na verdade, de um sistema com duas estrelas em que uma delas atua como sol, e a outra, menor e mais densa, como anã branca.
A anã branca está ganhando massa com o gás vindo da estrela vizinha. Se sua massa ultrapassar 1,4 vezes a massa do sol - o chamado Limite de Chandresekhar - ela está destinada a sofrer uma poderosa explosão termonuclear que a destruiria e que poderia afetar também a Terra.
O evento, chamado supernova Tipo Ia, liberaria 10 milhões de vezes mais energia do que a explosão de uma nova (quando estrelas comuns chegam ao fim de sua vida útil), que dá origem às anãs brancas. As explosões que originam novas são muito mais comuns no universo do que as que originam as supernovas.
Segundo os astrônomos responsáveis pelo estudo, as imagens do Hubble mostram que a T Pyxidis parece destinada a virar uma supernova. Mas apesar do risco, os astrônomos afirmam que não motivo para pânico, já que a estrela só deve chegar ao limite de Chandresekhar - provocando a massiva explosão - em 10 milhões de anos.
Fonte: Terra notícias
---------------------------------------------------------------------------
Lembrando também...
Ciência: Eta Carinae, a estrela do Juízo Final
02.06.2008 - A descomunal explosão de Eta Carinae - que já pode ter até acontecido - ameaça a vida na Terra?
Se desviarmos a vista do centro da constelação do Cruzeiro do Sul, cerca de 14 graus para a direita seguindo o percurso esfumaçado da Via Láctea, encontraremos a região de formação estelar catalogada como NGC 3372. Este gigantesco complexo de nuvens de poeira e hidrogênio ionizado abriga uma associação de estrelas supergigantes azuis com idade inferior a 3 milhões de anos.
O astro dominante deste grupo foi descrito pela primeira vez pelo astrônomo inglês Edmond Halley (1656-1742), trabalhando na ilha de Santa Helena, em 1677. Suas anotações de campo referiram uma estrela vermelha de quarta magnitude, que recebeu o nome Eta Carinae.
Durante o século seguinte, Eta Carinae flutuou erraticamente, chegando à magnitude 2 (quanto maior a magnitude, menor o brilho) em 1730, enfraquecendo depois disso. Em 1820, teve início um novo episódio de abrilhantamento, que transformou Eta Carinae numa estrela de primeira magnitude sete anos mais tarde. E então, em 1832, Eta Carinae atingia a magnitude zero, rivalizando com o brilho de Rigel, da constelação de Órion. O máximo ocorreu em 1843, quando a estrela alcançou magnitude -0,8, perdendo apenas para Sirius (a estrela mais brilhante do céu, com magnitude visual -1,6).
Depois disso, Eta Carinae declinou, tornando-se invisível a olho nu (magnitude +6,5) em 1868. Ao redor de 1880 sua magnitude era de 7,5, mas, 12 anos depois, mostrou um breve pico secundário, no limite da visibilidade a olho nu. O brilho mínimo parece ter sido alcançado em 1900 (magnitude 8,0) e, desde então, uma nova tendência de recuperação tem se verificado. Atualmente, pode-se ver Eta Carinae em uma noite bem escura, sem Lua, como um astro de quinta magnitude.
Armagedon?
É possível que algumas extinções de espécies biológicas em massa na história da Terra, como a do período Ordoviciano, há 440 milhões de anos, possam ter sido induzidas por emissões de raios gama próximas ao sistema solar. Um dos efeitos poderia ter sido a destruição temporária da camada de ozônio.
Especialistas concordam que Eta Carinae poderá explodir a qualquer momento. Talvez daqui a 10 mil ou, quem sabe, 100 mil anos. Talvez até já tenha explodido. Devido a sua distância, se a evento ocorresse hoje, só tomaríamos conhecimento daqui a 7,5 mil anos. Nesse caso, poderíamos observar seus efeitos a qualquer momento. Não há como saber.
Se James Annis estiver certo, ou a mira mortífera de Eta Carinae tiver, por desgraça, nosso sistema solar como alvo, então toda a novela da vida na Terra poderá acabar instantaneamente, com a biosfera cozinhada em uma rajada de raios gama.
Neste caso, a única coisa boa é que não precisaríamos nos preocupar com nada. Ao contrário dos efeitos devastadores e prolongados da queda de um asteróide, Eta Carinae nos executaria de maneira rápida e indolor.
Em suma, tudo o que se deseja de um bom carrasco...
Fonte: Jornal Zero Hora RS