Artigo de Everth Queiroz Oliveira: A dura realidade da Cruz


04.09.2009 - A reflexão que Jesus nos propõe por meio dos seus sábios ensinamentos é para nós hoje motivo muitas vezes de incômodo. A moral de Cristo mexe em nossos hábitos, em nossos costumes depravados de vida, em nossas atitudes. É assim que influi em nossa sociedade a Igreja Católica. Aquilo que ela prega, que ela tem como certo, como maneira correta de se manter uma relação com Deus e com os homens, é bastante difícil de se seguir. E em um mundo onde é sempre procurado o caminho mais fácil para a obtenção de bens e de graças a realidade da fé católica é muitas vezes contrariada e atacada. “Isto é muito duro!” (Jo 6, 60), exclamavam os fariseus naquele tempo. E hoje? Não estamos nos deixando levar pela tentação das facilidades que o mundo hodierno tem nos pregado? E será que esse espírito moderno de contradição às Leis de Deus não tem se infiltrado em nossa vida e em nossos atos cotidianos?

Aquele que pensa que seguir a Jesus Cristo é seguir um caminho fácil, sem dificuldades e tribulações; que acha que a vida em Cristo é um mero lema “paz e amor”, que veio trazer a todos, mesmo que esses não aceitem a fé, a salvação; que imagina, em sua vã hipocrisia, que ser católico é simplesmente ser batizado ou ir à Missa aos domingos infelizmente não sabe a verdadeira dimensão da pregação de Jesus: “Se alguém quer vir após mim, diz o Filho do Homem, renegue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me” (Lc 9, 23). Aquele que quer seguir a Jesus, que quer ‘vir após Ele’, deve olhar sobretudo para o símbolo máximo do cristianismo: a cruz. Não existe cristianismo autêntico sem sofrimento, sem doação, sem entrega, sem sacrifício. Jesus não morreu por nós em vão. Além de remir a humanidade, por meio da crucifixão, disse: “Vai e fazes tu o mesmo” (Lc 10, 37). É preciso que nós, como imitadores de Jesus, tomemos dia após dia a nossa cruz pela causa do Reino de Deus.

Ter a consciência de que os sofrimentos desse mundo para nós não são em vão é mais do que cultivar em nosso coração a esperança da vida eterna. É, sobretudo, permanecer paciente na tribulação (cf. Rm 12, 12). Com efeito, Jesus nunca nos disse que seria fácil segui-lo ou tomar a nossa cruz para fazer a Sua vontade. Diz o Eclesiástico: “Meu filho, se entrares para o serviço de Deus (…) prepara a tua alma para a provação; humilha teu coração, espera com paciência, (…) não te perturbes no tempo da infelicidade” (Eclo 2, 1-2). Não são essas exortações a base da perfeição cristã? Para achegarmo-nos de modo completo a Jesus Cristo precisamos em tudo imitá-Lo, assim como Maria. Fiel na vida pública de Jesus, foi também Maria quem esteve prostrada aos pés da cruz; aquela que, com prontidão disse sim a vontade de Deus, foi também aquela cuja alma seria traspassada por uma espada (cf. Lc 2,35); enfim, aquela que se afligiu com a perda de Seu Filho (cf. Lc 2,48) foi a mesma que permaneceu firme com os apóstolos na oração (cf. At 1,14). Ela e Jesus são exemplos perfeitos do cumprimento daquele outro belo preceito bíblico:

Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo caminho da humilhação” (Eclo 2,4-5).

Não existem facilidades na fé cristã. Se a vida de Cristo foi dor, sofrimento, humilhação e dificuldade, e ao mesmo tempo força e superação, também a nossa deve ser ornada de um espírito forte, que seja capaz de vencer as proposições pecaminosas desse mundo. Criar em nosso coração essa consciência e praticar em nossa vida essas belas virtudes é sinal de que realmente, assim como Jesus Cristo, queremos não só anunciar o amor, mas ser “sinal de contradições” (Lc 2,34), afinal, não é possível “ser amigo do mundo” (Tg 4,4) e de Deus ao mesmo tempo. Escolhamos Jesus, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). E não nos deixemos desanimar. Diante das tribulações, clamemos o Nome Santo de Deus e imploremos que a sua misericórdia venha em nosso auxílio, afinal só realizamos o bem e conseguimos passar pelas provações porque Ele nos fortalece (cf. Fp 4,13).

Graça e paz.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/


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