18.08.2009 - O Ministério Público do Rio Grande do Sul decidiu investigar a coleta de doações na Igreja Universal do Reino de Deus, em Porto Alegre.
No ritual da Igreja Universal do Reino de Deus, a prosperidade tem um preço. É isso que o Ministério Público do Rio Grande do Sul quer investigar, depois da exibição de mensagens como esta: “Eu vou me desfazer daquela casa que eu tenho, vou me desfazer daquele carro, ou daquele apartamento. O que eu tenho eu vou colocar aqui no altar”, pregou um pastor.
Essa é A Fogueira Santa, uma cerimônia que acontece duas vezes por ano. As imagens foram feitas há três anos com uma câmera escondida. Os fiéis são chamados a doar tudo o que têm em troca da benção de Deus.
Não há nada errado em pedir doações. Não é isso que a Justiça investiga em São Paulo. Os promotores denunciam que os fiéis são enganados, que o dinheiro nem sempre é usado em obras sociais, em manutenção e expansão da igreja, mas em empresas privadas, em nome de Edir Macedo e de outras pessoas.
“Vou vender o meu apartamento, e eu vou vender o meu carro que eu tenho e vou colocar no altar. Se o Senhor perguntar pra mim o que vai sobrar, eu não sei, porque não vai sobrar mais nada. De bens, eu não vou ter mais nada. E nem valores, porque o meu salário, tudo, eu vou colocar no altar”, disse um pastor.
Os pastores deixam tudo pronto até para a transferência de carros doados. “Sobe aqui no altar, já preenche o documento do seu carro, do seu automóvel, já deixa preenchido, em nome de Jesus”, disse um pastor.
Segundo o testemunho de fiéis, a pressão é tanta que muitos doam mais do que podem e chegam a comprometer o próprio sustento. Um comerciante diz que foi induzido a fazer doações e entrou na Justiça para reaver R4 11 mil que havia entregue à Igreja Universal. Os julgadores entenderam que houve coação moral no pedido do pastor.
“De uma certa forma há uma coação velada, porque aquele que não doa, que não presta o dízimo, se sente numa situação de inferioridade. A pessoa que está ao meu lado doando vai receber em dobro, eu não vou doar, não vou receber nada. Então é uma coação indireta”, disse o desembargador Romeu Marques Ribeiro.
Em outro caso, a Justiça entendeu que houve coação e condenou a universal a devolver mais de R$ 5 mil a um morador de Caxias do Sul, na serra gaúcha.
“Não houve a violência externa, de a pessoa ameaçar. Mas moralmente ele foi coagido a doar porque senão ele estaria em pecado, estaria endemoniado”, disse a promotora Norma de Oliveira Brito.
Nesta segunda-feira, o Ministério Público do Rio Grande do Sul decidiu que vai investigar se há conduta criminosa por parte da Igreja Universal durante as campanhas de arrecadação. E o destino dado ao dinheiro dos fiéis.
“Essa conduta, aparentemente, ela se insere como um crime de estelionato, ou seja, que é a obtenção de uma vantagem ilícita prometendo alguma coisa que não pode ser entregue. Não se confunde liberdade de culto com a prática dioturna de um crime. Não há que se confundir você poder escolher a fé que você professa com alguém que está praticando um estelionato contra os seus fiéis. E isso que nós vamos analisar”, disse o promotor Ricardo Herbstrith.
A Igreja Universal do Reino de Deus divulgou nota informando que entrou com pedido de abertura de sindicância contra os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do estado de São Paulo, responsáveis pela denúncia contra dez de seus representantes, encaminhada à Justiça. Segundo a igreja, o pedido se baseia em denúncias sobre a conduta de alguns promotores.
Fonte: http://beinbetter.wordpress.com/