15.08.2009 - Algumas carícias nas crianças nos braços das suas mães, saudações e bênçãos aos fiéis reunidos na Praça de Castel Gandolfo: começou assim para Bento XVI o dia que a Igreja Católica dedica à solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao céu (no Brasil nos celebramos neste domingo). O Papa deixou a residência Apostólica de Castel Gandolfo e a pé dirigiu-se até a igreja de São Tomás de Villanova, paróquia da pequena cidade onde o Santo Padre se encontra neste período do verão europeu, onde celebrou a Santa Missa.
Acompanharam Bento XVI na sua breve caminhada que separa a residência apostólica da paróquia, entre outros, o Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, e o irmão do Santo Padre Georg Ratzinger. Quando chegou à porta da igreja, o papa saudou os fiéis erguendo ambos os braços, mostrando assim o pulso direito ainda engessado. Na festa de hoje a Igreja celebra a assunção aos céus de Nossa Senhora, Mãe de Jesus, elevada em corpo e alma. A tradição mais antiga celebrava a “dormição” de Maria, ainda hoje festejada pelos ortodoxos. Em 1950, o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Maria ao céu, quarto e último dos dogmas dedicados pelos papas à Virgem Maria na história da Igreja: o dogma da Perpétua virgindade de Maria, Maria Mãe de Deus, e Imaculada Conceição de Maria.
Na sua homilia nesta manhã o papa recordou que a solenidade de hoje coroa o ciclo das grandes celebrações litúrgicas nas quais somos chamados a contemplar o papel da Bem-aventurada Virgem Maria na história da salvação. De fato, disse o Santo Padre, a Imaculada Conceição, a Anunciação, a Divina Maternidade e a Assunção são etapas fundamentais, intimamente ligadas entre si, através das quais a Igreja exalta e canta o glorioso destino da Mãe de Deus, e nas quais também nós podemos ler a nossa história.
A fé - continuou o papa - é uma viagem em um “mar muitas vezes tempestuoso” que não deve se interromper nem mesmo “no momento da escuridão”, mas deve, ao contrário, proceder com uma “sagrada pressa” para aderir ao projeto divino, enquanto “nada mais deve criar pressa na nossa vida”.
Recordando um episódio da vida de Maria, a sua visita a Isabel após a Anunciação, o pontífice sublinhou como, ouvindo o chamado divino, Nossa Senhora “percorre uma nova estrada e inicia imediatamente o caminho fora da própria casa, deixando-se conduzir somente por Deus”. “A graça do Espírito Santo – disse Bento XVI – não admite lentidão”. A partir daquele momento Maria, seguindo Jesus “na sua vida oculta e naquela pública, até aos pés da cruz, vive a sua constante subida a Deus, aderindo ao seu projeto também no momento da escuridão”.
“Maria se abandona totalmente ao Senhor e – recordou o papa – torna-se assim paradigma da fé e da Igreja”. “Toda a vida – afirmou em seguida acrescentando algumas palavras improvisadas – é uma subida, é meditação, obediência, confiança e esperança mesmo nos momentos de escuridão, e toda a vida é essa sagrada pressa que faz com que Deus seja a prioridade”. “Nada mais deve criar pressa na nossa vida”.
“O seguimento de Jesus – explicou – é um caminho com uma meta bem precisa: a vitória definitiva sobre o pecado e sobre a morte”, realizada com a ressurreição. Uma ressurreição “para nós incompleta”, mas para Maria realizada antes do tempo “porque em todos os momentos de sua vida acolheu a palavra de Deus”.
“Elevada aos céus ela nos atrai e nos acompanha” recordando o caminho da Igreja rumo à meta, mas também o caminho do homem sobre a terra, “um caminho que se realiza constantemente na luta entre o dragão e a mulher, o mal e o bem”. “Uma viagem - concluiu o Santo Padre – em um mar muitas vezes tempestuoso”, no qual Maria aparece como “uma estrela que nos guia em direção do seu filho Jesus, sol que surgiu das trevas da história para dar aos homens a esperança da vitória sobre o mal e sobre a morte”. E por isso, Nossa Senhora “é um sinal de consolação e de segura esperança”. (SP)
Fonte: Rádio Vaticano