10.08.2009 - “Viveremos numa época de mudanças extremamente rápidas, que acabam gerando ansiedade e tensão em níveis nunca antes vistos na história da humanidade”.
Dr. Jorge A. Costa e Silva
Diretor de Saúde Mental Para
Organização Mundial da Saúde
Que mudanças têm notado, durante a sua vida? Poderia mencionar algumas? Por exemplo, considere o progresso que se fez no campo da medicina. Graças às pesquisas nesse campo, a expectativa média de vida em alguns países aumentou de menos de 50 anos, no início do século XX, para bem mais de 70 anos hoje! Pense também em como fomos beneficiados pelo uso apropriado do rádio, da televisão, dos telefones celulares e aparelhos de fax, dvd, Internet, mp5. Também, não podemos desconsiderar os avanços na educação, nos transportes e nos direitos humanos, visto que todos esses têm melhorado a vida de milhões de pessoas.
Naturalmente, nem todas as mudanças foram para melhor. É impossível desconsiderar os efeitos devastadores do contínuo aumento da criminalidade, do rápido declínio dos valores morais, do crescente uso de drogas e da violência, do aumento vertiginoso dos divórcios, da inflação cada vez maior e da crescente ameaça do terrorismo, capitalismo, corrupção, fundamentalismo religioso, depressão e a mídia como fábrica das ilusões. Vivemos era paradoxal. De um lado a Internet e do outro a ignorância. Disse escritor português José Saramago: “A ignorância está se expandindo de maneira aterradora”. É por isso que o diretor de cinema, o canadense Denys Arcand disse: “O mundo como o conhecemos está prestes a acabar e dar lugar a uma nova Idade Média”.
Ao longo dos séculos, muitos procuraram respostas na religião. Depois que Sidarta Gautama (Buda) contemplou um enfermo, um idoso e um cadáver, ele buscou iluminação (ou sentido) na religião, mas sem crer num Deus pessoal. Outros têm recorrido à sua própria religião.
E as pessoas hoje em dia? Muitas enfocam a sua atenção na ciência, descartando a religião e “Deus” como irrelevantes.
Na verdade, a tendência de descartar a religião ou a Deus tem raízes em filosofias de homens que deram ênfase à razão pura e simples e ao materialismo. O pai do comunismo o filósofo e economista alemão Karl Marx com o seu pensamento materialista dizia que a religião é o ópio do povo. O naturalista inglês Charles Darwin achava que o conceito de “seleção natural” explicava melhor o mundo natural do que o da existência de um Criador. O pai da psicanálise o austríaco Sigmund Freud ensinou que Deus era uma ilusão. E o conceito de que ‘Deus está morto’ vem desde os dias do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. As filosofias orientais são similares. Mestres do budismo afirmam não ser necessário saber sobre Deus. Quando ao xintoísmo, o professor do Japão Tetsuo Yamaori disse que “os deuses são meros seres humanos”.
Embora o cepticismo a respeito de um Criador seja amplo, é justificável? Você com certeza conhecem exemplos de ‘fatos científicos’ do passado que, com o tempo, revelaram-se totalmente errados. Conceitos como ‘a Terra é plana’ e ‘o Universo inteiro gira ao redor do nosso globo’ prevaleceram por séculos, mas o nosso conhecimento hoje é maior.
Que dizer de conceitos científicos um pouco mais recentes? Por exemplo, o filósofo escocês David Hume, do século XVIII - que não aceitava um Criador – não sabia como explicar o complexo design biólogo existente na Terra. A teoria de Darwin tentava explicar como as formas de vida se desenvolveram, mas não explicou como a vida começou, ou que sentido ela tem para nós.
À parte de por que certas pessoas dispensam um Criador, as perguntas a respeito da vida e seu sentido ainda persistem. Um dia depois da descida do homem na lua, o renomado teólogo suíço Karl Barth disse, quando lhe perguntaram o que ele achava desse triunfo tecnológico: “Isso não resolve nenhum dos problemas que me tiram o sono”. “Hoje o homem voa no espaço e avança a passos largos no ciberespaço”. Ainda assim, pessoas refletivas vêem a necessidade de ter um objetivo, algo que lhes dê sentido à vida.
O grande teólogo americano Francis Schaeffer disse: ”Há uma razão para se viver, construir e amar”. Essa razão é amar a Deus. Aqui está o sentido fundamental da vida. O papa João Paulo II disse: “O homem só se compreende a si mesmo em relação a Deus, que é plenitude de verdade, de beleza e de bondade...”.
Muitos cientistas se dedicam a estudar o Universo, mas ainda assim sentem um vazio, porque não conseguem encontrar um significado duradouro para a vida. Por exemplo, o físico americano Steven Weinberg escreveu: “Quanto mais o Universo nos parece compreensível, tanto menos entendemos seu objetivo”. A revista Science citou o conceito do astrônomo americano Alan Dressler: “Quando os pesquisadores dizem que a cosmologia revela a ‘mente’ ou as ‘obras’ de Deus, eles atribuem ao divino o que no final das contas talvez seja o que menos importa no universo: a sua estrutura física”. Dressler indicou que o mais importante é o sentido da existência humana. Ele observou: “As pessoas abandonaram a velha crença de que o homem é o centro do Universo, mas precisam resgatar a crença de que somos a chave para o sentido da vida”.
É evidente que cada um de nós deve estar profundamente interessado no significado de nossa existência. O mero fato de admitir a existência do Criador, ou Projetista-Mestre, e a nossa dependência dele, não dá automaticamente sentido à nossa vida. Isso se dá em especial porque a vida nos parece tão curta. Muitos se sentem como o Rei Macbeth, de uma das peças de William Shakespeare:
“A vida é sombra passageira.
Um pobre ator que chega, agita a cena inteira,
Diz seu papel e sai. E ninguém mais o nota.
É um conto narrado aí por um idiota,
Cheio de sons, de “fúria e não dizendo nada”.
-Macbeth, Ato V, Cena V; tradução de Artur de Sales.
Pessoas no mundo todo se identificam com essas palavras, mas quando se vêem diante de uma crise grave, talvez ainda clamem a Deus por ajuda. Eliú, um sábio amigo de Jô, disse: “Por causa da multidão de opressões eles clamam por socorro... E, no entanto, ninguém disse: “Onde está Deus, o Grandioso que me fez?’ “É ele quem nos ensina mais do que aos animais da terra, e nos faz mais sábios do que mesmo as criaturas voadoras dos céus Jô 35:9-11”.
As palavras de Eliú salientam que nós, seres humanos, não somos as verdadeiras chaves para o sentido da vida. A chave é o nosso Deus, e qualquer significado real para a nossa existência logicamente envolve a Ele e depende Dele. Para encontrarmos tal sentido e a profunda satisfação que isso traz, precisamos conhecer o Criador e harmonizar nossa vida com a sua vontade. Está escrito: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. Jo 17.3.
Conhecer o bom Deus significa conhecer Jesus Cristo, como único Senhor e Poderoso Salvador das nossa almas.
Escreveu São Paulo Apóstolo: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo Fl 3.8”. “Ganhar a Cristo, aqui está o verdadeiro sentido da vida e vida eterna”.
O verdadeiro sentido da vida se encontra no amor e na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]