30.04.2009 - É bastante pequeno - as últimas observações indicam que mede cerca de 270 metros -, mas o asteróide Apofis poderia causar uma catástrofe de grandes proporções e conseguiu galvanizar os esforços de cientistas e engenheiros de muitos países para defender a Terra das ameaças que vêm do espaço.
Ouvindo-os no Congresso de Defesa Planetária, que reuniu 180 deles em Granada (sul da Espanha), pode parecer que se preparam para uma guerra: falam de ameaças, de que há muitos inimigos lá fora e da necessidade de que os seres humanos tomem consciência do risco constante a que estão submetidos.
Mas basicamente demonstram o nascimento e rápido desenvolvimento de uma nova área de pesquisa, especialmente adequada para a cooperação internacional, que busca seu lugar entre as ciências espaciais. O astronauta espanhol Pedro Duque diz claramente: "É uma nova era; o risco é real e agora é mensurável, e temos a tecnologia para detectá-lo e tentar evitar suas consequências".
O Apofis, descoberto em 2004, se aproximará muito da Terra daqui a 20 anos, em 13 de abril de 2029, mas por enquanto o risco de impacto dessa aproximação é nulo. No entanto, como passará na altura da órbita geoestacionária (36 mil km, menos de um décimo da distância da Lua), teme-se que a perturbação gravitacional o situe então em rota de colisão com nosso planeta em 13 de abril de 2036.
A probabilidade de colisão é de 1 para 45 mil e há muitos fatores pouco conhecidos para se afirmar alguma coisa, mas mesmo que passe ao largo em 2036, como seguramente o fará, o Apofis já é o asteroide mais acompanhado e estudado da história, o catalisador de esforços internacionais sem precedentes para se enfrentar as ameaças espaciais.
A pedido do Congresso dos EUA, a Nasa tentou detectar os asteroides potencialmente perigosos (que se aproximam da Terra) de mais de um quilômetro de diâmetro, e após dez anos dá o trabalho praticamente por terminado. Agora os especialistas indicam que chega a hora de detectar os maiores de 140 metros, que, como o Apofis (único dos mais de mil asteroides potencialmente perigosos detectados que apresentam um risco apreciável de impacto), também podem causar muito dano.
No entanto, Don Yeomans, encarregado da questão na Nasa, explica que há pouco dinheiro para fazer isso e que é necessária a cooperação internacional. São da mesma opinião o astrofísico Rafael Rodrigo, presidente do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), e Jean-Michel Contant, da Academia Internacional de Astronáutica, também presentes no congresso.
O Apofis está hoje perto demais do Sol para ser observado. Segundo Jon Giorgini, do Laboratório de Propulsão a Jato, as observações ópticas poderão ser retomadas no final de 2010 e as de radar em 2013, mas é muito possível que não se consiga saber a probabilidade de impacto para 2036 até que chegue 2029, quando o asteroide será visível da Terra sem instrumentos. Então se conhecerá sua massa, sua velocidade de rotação, sua forma e suas características técnicas, e será possível avaliar a influência em sua trajetória de sua passagem pela Terra. Resta muito tempo, e mudanças físicas muito pequenas podem produzir mudanças muito grandes no mundo, lembra Giorgini.
Prever aproximações perigosas como a do Apofis é só o primeiro passo. Os especialistas indicam a necessidade de ter missões espaciais preparadas para tentar desviar os asteroides. Estão divididos sobre a conveniência de se utilizar a energia nuclear, mas é uma opção.
"Há três tipos de missões possíveis, sempre para empurrar o asteroide e desviá-lo, e não para destruí-lo, o que seria ainda pior", explica Duque. São uma explosão nuclear próxima, um veículo que o empurre (trator gravitacional) e um impacto direto. Desse último tipo é o Projeto Don Quijote da Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês), ainda sem financiamento.
Na Deimos, a empresa espanhola que concebeu o Don Quijote, o estão adaptando para mandar um orbitador a Apofis, uma sonda que se aproximará e será colocada em órbita dele para conhecer melhor sua trajetória e outras características. "Poderia sair em 2015 e chegar em 2017, explica o responsável, Juan Luis Cano. Se a ESA aprovar a missão, seria de demonstração tecnológica mais que científica e deveria ter um custo baixo. Por enquanto não flui o dinheiro que os especialistas espaciais consideram necessário, mas esperam que na medida em que o Apofis se aproximar aumente a consciência social e política e se possam fazer inclusive missões de demonstração a outros asteroides não perigosos.
O ruim é que seja tarde demais. Também para isso se preparam os cientistas. Calculam as consequências dos impactos de asteroides de diversos tamanhos e concluem que mesmo um pequeno (entre 30 e 50 m de diâmetro, como o de Tunguska, na Sibéria) poderia destruir uma cidade, mas que se algum de tamanho maior cair no oceano o tsunâmi resultante teria consequências muito piores.
Fonte: UOL notícias
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Lembrando...
Astrônomos concordam que estamos na rota de milhares de asteróides que podem colidir com a Terra
13.12.2008 - Reportagem da revista ISTOÉ, dezembro 2008.
Quem teme uma guerra devastadora, continente contra continente, humanos contra humanos, talvez nem imagina que o maior perigo pode vir de um céu extremamente estrelado. "Todos os dias, a Terra é bombardeada por cerca de seis mil asteróides. Pelos nossos cálculos, esse número irá aumentar exponencialmente para quase um milhão em 2020", declarou na semana passada, em Viena, o ex-astronauta da Nasa Russell Schweickart, presidente do Painel Internacional sobre a Redução da Ameaça de Asteróides (IPATM).
Com a autoridade de quem domina o assunto teoricamente, mas, também, de quem já esteve no espaço, ele complementou: "Muitos desses objetos cósmicos são pequenos e não representam perigo nenhum. É como um grão de areia atirado contra um vidro. Há, porém, um grupo de mil asteróides com mais de 150 quilômetros de largura, o suficiente para causar uma catástrofe mundial." Esse foi o discurso que abriu a conferência que reuniu a comunidade internacional de astronomia e astrofísica na apresentação do relatório Ameaças de Asteróides: uma Chamada para uma Resposta Global. Pode ser que, para o público leigo, Schweickart tenha sido até demasiadamente alarmista, mas o fato é que todos os cientistas anuíram com ele.
Não é à toa, portanto, que alguns deles insistiram em lembrar que na última vez em que um cometa, com as dimensões do estádio do Maracanã, entrou em rota de colisão com a Terra (1908) a Sibéria foi atingida com força equivalente à de duas mil bombas atômicas. E o estrago causado por esse astro, chamado Tunguska, correspondeu a dois mil quilômetros quadrados. "Se quisermos, podemos pensar em um estádio de futebol voando a 100 mil quilômetros por hora e despencando no coração de Tóquio, Nova York, Londres, Paris ou de qualquer outra grande metrópole do mundo?", disse Schweickart. "Pois bem, sem pavor nem alarde, eu acho que deveríamos pensar e nos prevenir." Segundo o relatório, o que antes era "suposição agora é certeza": a Terra pode ser atingida a qualquer momento.
Entre os nossos inimigos que vêm do céu está o asteróide Apophis (em grego significa "destruição"), malfeitor sideral que ostenta 500 metros de diâmetro e chegará próximo da órbita terrestre em 2029. Se ele se chocar, causará um impacto equivalente à explosão de 114 mil bombas atômicas. E a história de nosso planeta estará se repetindo: há aproximadamente 65 milhões de anos, um cometa se chocou contra a Terra, levando à extinção não somente os dinossauros, mas também 70% das espécies que viviam na Terra. As observações iniciais, feitas com telescópios de menor potência, indicam que qualquer asteróide com mais de 140 metros de diâmetro representa uma ameaça em potencial.
Mesmo que não nos atinjam, desintegrandose ao cruzar a atmosfera, tais bólidos podem provocar uma onda de choque suficiente para destruir um continente do tamanho da África. O problema é que as lentes dos telescópios atuais não conseguem captar a movimentação da maioria dos asteróides nos confins do Universo. "Estamos completamente despreparados. Quem fará a monitoração? Em quais informações iremos nos basear? Quais tecnologias de defesa serão aplicadas? Ironicamente, estamos em plena escuridão", disse Schweickart. Durante o congresso, a Agência Espacial Americana elaborou um documento no qual introduz o assunto de forma amena, mas no capítulo dedicado às conclusões torna-se bastante enfática: "O roblema pode ser maior do que se acredita." Segundo o observatório dos EUA, estima-se que haja 100 mil asteróides orbitando perigosamente a Terra, mas apenas quatro mil estão sendo monitorados.
Para evitar uma tragédia, os cientistas apresentaram duas saídas: desviá-los ou destruí-los. Na primeira hipótese, seria disparado um projétil nuclear para o interior do astro com força suficiente para empurrá-lo em direção oposta, desviando sua rota - método já empregado pela Nasa na missão Deep Impact. A outra alternativa envolve a construção de uma gigantesca e potente nave espacial, no formato de escudo, que teria como tarefa se chocar contra o asteróide, moendo-o em pedaços. Nos dois planos corremos o risco de ter problemas devido aos estilhaços desses astros. Mas será bem mais fácil lidarmos com um inimigo de proporções menores e não com o asteróide inteiro e compacto. (fim)
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Diz na Sagrada Escritura:
"O terceiro anjo tocou a trombeta. Caiu então do céu um astro enorme, ardendo como um facho. Precipitou-se sobre a terça parte dos rios e nas fontes de água. O nome do astro é Absinto. E se converteu em absinto a terça parte das águas. Muitos homens morreram das águas que se tornaram amargas. O quarto anjo tocou a trombeta. Foi ferida então a terça parte do sol, da lua e das estrelas, de sorte que escureceram em um terço. O dia e a noite perderam uma terça parte de seu brilho.
O quinto anjo tocou a trombeta. Vi uma estrela que caíra do céu sobre a terra. Foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Abriu o poço e do poço subiu uma fumaça como a fumaça de um grande forno. O sol e o ar escureceram por causa da fumaça do poço." (Livro do Apocalipse – São João)