Aumento do nível do mar afeta América Latina mais do que se pensava


21.04.2009 - Notícia do dia 08.04.2009

Especialistas em mudanças climáticas nas Américas do Norte e do Sul estão cada vez mais preocupados com as implicações potencialmente devastadoras da elevação do nível do mar. Até agora as Américas eram vistas como menos vulneráveis do que outras partes do mundo como as ilhas do Pacífico, Vietnã e Bangladesh.

Mas as estimativas apresentadas em uma reunião científica em Copanhague, em março, alarmaram observadores da região.

Partes do Caribe, do México e do Equador são consideradas de maior risco. A cidade de Nova York e áreas no sul da Flórida também são tidas como especialmente vulneráveis.

Em 2007, um relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) sugeriu que o nível do mar vai subir entre 19 cm e 59 cm até o final deste século.

Mas vários cientistas em Copenhague falaram em uma elevação de um metro ou mais, mesmo se as emissões de gases do efeito estufa se mantiverem baixas.

O derretimento das calotas polares é um dos principais fatores para as novas estimativas.

"Uma elevação de um metro vai modificar irreversivelmente a geografia de áreas costeiras da América Latina", disse à BBC Walter Vergara, o principal perito do Banco Mundial para mudanças climáticas na região.

"Por exemplo, uma elevação de um metro inundaria uma área costeira da Guiana onde estão 70% da população e 40% das terras aráveis. Isto implicaria em uma grande reorganização da economia do país."

Vergara e outros especialistas também estão preocupados com o efeito sobre uma área pantanosa junto à costa do Golfo do México.

'Dados alarmantes'

"Estes novos dados sobre o aumento do nível do mar são alarmantes", disse Arnoldo Matus Kramer, que pesquisa a adaptabilidade às mudanças climáticas na Universidade de Oxford. "Quando combinados ao crescimento exponencial da urbanização e do turismo ao longo da costa do Golfo do México e Caribe mexicano, é extremamente preocupante."

Um estudo divulgado em novembro de 2008 pela agência Habitat-ONU sobre cidades do mundo ressaltou que na maioria dos países-ilhas do Caribe 50% da população vive a uma distância de até 2 quilômetros da costa. Eles seriam afetados diretamente pelo aumento do nível do mar e outras consequências de alterações no clima.

As Bahamas, as Guianas, Belize e a Jamaica foram apontadas pelo Banco Mundial como especialmente sujeitas a risco caso ocorra um aumento de um metro do nível das águas.

Planícies costeiras em volta da cidade de Guayaquil, no Equador, o principal polo econômico do país, também são tidas como vulneráveis a uma combinação de aumento do nível do mar e tempestades.

Um estudo recente realizado pelo Espol, um instituto de ciências em Guayaquil, sugeriu que até uma elevação de 0,5 metro do nível do mar traria graves problemas para o sistema de drenagem da parte sul da cidade. Ele poderia entrar em colapso.

Pesca ameaçada

A lucrativa indústria pesqueira do Equador, que tem grande importância para a economia do país, também ficaria ameaçada.

"A elevação de um metro no nível do mar intensificaria a ameaça à pesca de camarões e outros setores da indústria", disse Pilar Cornejo, do Espol, que fez um relatório sobre o assunto para as Nações Unidas.

De acordo com um recente estudo do Banco Mundial que incluiu mais de 80 países em desenvolvimento, o Equador está entre os dez países que terão seu PIB (Produto Interno Bruto) mais afetado com o aumento do nível do mar.

Argentina, México e Jamaica também aparecem entre os dez primeiros da lista que avalia o impacto sobre sobre terras aráveis da elevação de um metro no nível do mar.

Os cientistas destacam que ainda há incerteza sobre a futura da elevação do nível do mar. Entre elas estão incógnitas sobre o comportamento das gigantescas calotas polares e o tempo que levará para o nível do mar subir.

Também há dúvidas sobre o efeito do aquecimento global sobre a gigantesca corrente do Oceano Atlântico em que as águas mais aquecidas do mar fluem para o norte e as mais frias, a uma profundidade maior, fluem para o sul.

Uma nova pesquisa liderada por Jianjun Yin, da Universidade Estadual da Flórida, sugere que embora as cidades costeiras da América do Sul não estejam sob ameaça neste século com um aumento maior do nível do mar causado pela corrente, a cidade de Nova York e o Estado da Flórida estão.

Nova York veria um aumento adicional no nível do mar de cerca de 20 cm acima da média global devido a esta corrente até a virada do século, de acordo com a pesquisa que Yin publicou este ano na revista Nature Geoscience. Na Flórida o aumento seria de menos de 10 cm.

"Um aumento de um metro pode ser um desastre para partes da Flórida, especialmente no sul do Estado", disse Yin à BBC.

"A elevação do nível do mar associada à vulnerabilidade a furacões tornam a situação muito preocupante."

"É urgentemente necessário que os líderes latino-americanos levem em conta estes novos dados sobre elevação do nível do mar quando formulam novas políticas", disse Arnoldo Matus Kramer. "Eles não estão fazendo isto no momento."

Fonte: Último Segundo notícias

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Lembrando...

Cientistas preveem aumento do nível do mar maior do que o esperado

10.03.2009 - O aumento no nível dos mares será bem maior do que o previsto devido a mudanças nas calotas polares, de acordo com estimativas apresentadas nesta terça-feira por uma equipe internacional de cientistas.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU, previu em um relatório de 2007 que o aumento máximo do nível do mar ficaria em torno dos 59 centímetros.

Mas cientistas reunidos em uma conferência sobre mudança climática em Copenhague, na Dinamarca, afirmam que as estimativas da ONU foram baixas e o nível do mar pode aumentar em um metro ou mais até 2100.

Segundo os cientistas, as projeções anteriores não incluíam o impacto potencial do derretimento polar e do gelo se quebrando.

O professor Konrad Steffen, da Universidade do Colorado, destacou em uma entrevista coletiva nesta terça-feira novos estudos a respeito da perda de gelo na Groenlândia que indicam uma aceleração do derretimento na última década.

"Eu poderia prever o aumento do nível do mar em 2100 na ordem de um metro. Poderia ser 1,2 metro ou 0,9 metro", disse Steffen, que estudou o gelo antártico nos últimos 35 anos. "Mas é um metro ou mais observando a mudança atual, que é até três vezes mais do que a média prevista pelo IPCC."

"As pesquisas mais recentes mostraram que o nível do mar está aumentando 3 milímetros por ano desde 1993, uma taxa bem acima da média do século 20", acrescentou John Church, do Centro de Pesquisa Climática da Austrália.

Para Eric Rignot, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (Agência Espacial Americana), os resultados reunidos desde o relatório do IPCC não podem ser ignorados.

"Como resultado da aceleração do derretimento de geleiras em grandes regiões, as calotas de gelo na Groenlândia e da Antártida já estão contribuindo mais e mais rapidamente para o aumento no nível do mar do que o que tinha sido previsto", disse Rignot.

As previsões da equipes de cientistas são muito importantes para moradores de comunidades costeiras. Cerca de 600 milhões de pessoas, 10% da população mundial, vivem em áreas mais baixas.

Em Lowestoft, na costa leste da Grã-Bretanha, por exemplo, David Kemp, um agente encarregado de proteção costeira para a Agência Ambiental britânica, afirma que apenas pequenos aumentos no nível do mar podem decisivos.

"Se está dez centímetros abaixo da altura das defesas, então não há problema", diz Kemp. "Mas se está dez centímetros acima, então poderemos enfrentar devastação."

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

Elevação do nível do mar pode riscar cidade de Macaé RJ do mapa

26.06.2007 - Estudo mostra ação do aquecimento global no litoral brasileiro. Em Macaé (RJ), avanço é muito acima do esperado; cidade pode estar afundando.

O nível do mar está avançando no Brasil, de acordo com o que os cientistas esperavam do aquecimento global, revela um estudo do IBGE divulgado nesta terça-feira (26), feito a partir de observações nas estações de monitoramento localizadas em Imbituba (SC) e Macaé (RJ).

Em Ibituba, a elevação registrada foi de 1 cm entre dezembro de 2001 e dezembro de 2006, o que corresponde ao que seria esperado como conseqüência do aquecimento planetário, segundo Cláudia Lellis, gerente da Rede Maregráfica Permanente para Geodésia (RMPG), um projeto do IBGE, que monitora o nível dos mares brasileiros. Anualmente, a tendência de elevação anual no litoral catarinense, segundo o estudo, é de 2,5 mm -- um valor baixo, mas que, ao longo das décadas, causa estragos. Um estudo em andamento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra algumas conseqüências do aquecimento para 2100 na cidade do Rio (veja o vídeo acima).

A elevação em Macaé, no entanto, é preocupante e alta demais para ser explicada somente pelo aumento das temperaturas. No mesmo período observado, o avanço na cidade fluminense foi de 15 cm, muito acima do esperado. De acordo com o estudo, mesmo eliminando todos os efeitos climáticos, a elevação do mar está exagerada.

“Não sabemos porque isso aconteceu. Alguma influência local está causando isso e precisamos investigar mais para saber exatamente o que é”, afirmou Lellis ao G1. Segundo ela, o mais provável é que esteja ocorrendo um rebaixamento das camadas geológicas no local onde está a cidade. Ou seja, Macaé pode estar afundando –- e não o mar subindo.

“Essa é a hipótese mais provável, mas neste momento não é possível apontar que esse realmente seja o caso”, afirmou a pesquisadora. Entre as outras possibilidades estão a ação do vento, mais forte na região, que “empilharia” as águas costeiras, e alterações na hidrografia local causada pela ação humana.

O IBGE possui ainda duas outras estações para monitorar o avanço do mar, uma em Salvador (BA) e outra em Santana (AP), mas elas funcionam há muito pouco tempo para seus dados serem confiáveis. Uma quinta estação, em Fortaleza, será instalada ainda neste ano.

Fonte: G1

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"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas". (Lc 21,25)


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