04.03.2009 - Corpo celeste chegou na segunda-feira a 72 mil quilômetros da Terra, um quinto da distância entre o planeta e a Lua. Colisão provocaria uma tragédia.
Pouca gente ficou sabendo, mas um asteroide do tamanho de um prédio de 10 andares passou a cerca de 72 mil quilômetros da Terra na segunda-feira. Pode parecer muita coisa – mas não é. É apenas um quinto da distância entre o nosso planeta e a Lua, ou o dobro da altitude em que orbitam os satélites de comunicação. Detectado apenas dois dias antes, o objeto passou de raspão por nós sem qualquer alarde – mas uma eventual colisão teria provocado uma catástrofe.
Quando o asteroide foi visto pela primeira vez, no sábado, já estava a cerca de 2,4 milhões de quilômetros do planeta. A detecção foi feita pelo Siding Spring Survey, um programa australiano que faz o rastreamento de objetos próximos à Terra. Em seguida, a presença foi confirmada pelo International Astronomical Union Minor Planet Centre (MPC), órgão responsável pela catalogação de objetos no Sistema Solar. O pouco tempo entre a detecção e a passagem expôs a fragilidade dos sistemas de rastreamento existentes.
Batizado de 2009 DD45, o asteroide tem um tamanho estimado entre 21 e 47 metros de diâmetro. Comparado a outros que já passaram pelo planeta, é considerado pequeno pelos especialistas. Mas, para se ter uma ideia do tamanho do estrago que causaria, caso sua trajetória incluísse a Terra, em 1908 uma rocha de mesmo tamanho atingiu a Sibéria com um impacto equivalente ao de mil bombas atômicas – entre 10 e 15 megatons de TNT. Entre os destroços, 80 milhões de árvores foram arrasadas em uma área de 2 mil quilômetros quadrados perto do Rio Tunguska.
Conforme o coordenador do Laboratório de Astronomia da Faculdade de Física da PUCRS, Délcio Basso, a demora na detecção do asteroide pode estar ligada à sobrecarga no North American Aerospace Defense Command (Norad). O órgão americano é responsável por monitorar uma grande quantidade de objetos que estão em órbita ao redor da Terra. Entre eles, satélites, pedaços de foguetes, outros asteroides e até ferramentas perdidas por astronautas no espaço.
Ainda de acordo com Basso, as chances de o impacto ocorrer em áreas urbanas, no caso de um choque com o nosso planeta, seria relativamente pequeno. Segundo ele, o impacto provavelmente seria na água, que cobre cerca de três quartos da superfície da Terra, ou em áreas não habitadas. Se o meteoro caísse no oceano, um tsunami poderia se formar, atingindo, talvez, o litoral próximo. Apesar da potencial tragédia, o professor da PUCRS afirma que o corpo era pequeno, ou teria sido avistado mais cedo pela grande quantidade de profissionais e amadores que usam telescópios.
Sobre o impacto, Basso reforça que o ângulo de incidência na Terra seria decisivo para o tamanho da calamidade. Se o asteroide viesse rasante, explica, a atmosfera poderia se encarregar, naturalmente, de mandá-lo de volta para o espaço ou incinerá-lo. Uma queda na vertical, por sua vez, acarretaria estragos maiores. A composição do asteroide também influencia, pois, quanto menos denso, menor a potência do impacto.
Tocando o solo, o 2009 DD45 abriria uma cratera gigantesca – e provocaria uma onda de choque capaz de derrubar prédios e produzir incêndios. Uma cena mais comum nas telas dos cinemas.
Tempo para reação pode ser insuficiente
O físico com doutorado em Astrofísica Horacio Dottori, do Departamento de Astronomia do Instituto de Física da UFRGS, explica que existem cerca de 10 mil objetos como o asteroide 2009 DD45 nas proximidades da Terra, mas somente um décimo deles foi localizado.
Segundo o professor, há programas – especialmente nos EUA e na Rússia – para detectar os potencialmente perigosos, por meio da luz do Sol refletida nos objetos. A dificuldade em conter um asteroide se deve, conforme Dottori, à velocidade que atingem. Essas rochas espaciais, segundo ele, têm velocidades relativas à Terra da ordem de algumas dezenas de quilômetros por segundo. Seriam menos de três dias entre a identificação e a colisão – no caso do 2009 DD45, talvez insuficiente para o cálculo da trajetória e a preparação de uma missão para destruí-lo.
–Tivemos sorte – afirma.
Outro problema, caso mísseis nucleares fossem lançados para acertar o asteroide, seria conseguir desviá-lo ou pelo menos deixá-lo em pedaços menores. A tecnologia existe, diz Dottori, mas a pressa para executar a operação talvez atrapalhasse.
Para o professor Délcio Basso, da PUCRS, estamos despreparados para essas situações. Caso fossem lançados mísseis para atingir o asteroide, por exemplo, o impacto seria amenizado – mas a fragmentação da rocha poderia, mesmo assim, provocar danos extensos. No entanto, ainda haveria a chance de os pedaços menores serem destruídos ao entrar na atmosfera.
Fonte: Jornal Zero Hora RS
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Diz na Sagrada Escritura:
"O terceiro anjo tocou a trombeta. Caiu então do céu um astro enorme, ardendo como um facho. Precipitou-se sobre a terça parte dos rios e nas fontes de água. O nome do astro é Absinto. E se converteu em absinto a terça parte das águas. Muitos homens morreram das águas que se tornaram amargas. O quarto anjo tocou a trombeta. Foi ferida então a terça parte do sol, da lua e das estrelas, de sorte que escureceram em um terço. O dia e a noite perderam uma terça parte de seu brilho.
O quinto anjo tocou a trombeta. Vi uma estrela que caíra do céu sobre a terra. Foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Abriu o poço e do poço subiu uma fumaça como a fumaça de um grande forno. O sol e o ar escureceram por causa da fumaça do poço." (Livro do Apocalipse – São João)