13.02.2009 - “Contemplando o exemplo dos santos, podemos despertar em nós um profundo desejo de seguir os mesmos passos”.
Dom Eugênio Sales - Arcebispo emérito do Rio de Janeiro
Deus é santo e amor. Aqui está o ensino e a prática fundamental para seus filhos.
Todos que amam a Deus são chamados a serem santos.
Deus é infinito em todas as suas perfeições. Santidade é um dos seus atributos.
“Qadosh” é um dos seus nomes que designa a preeminente santidade e pureza de Deus.
Deus é santo (Lv 19,2). O seu nome é santo (Ex 20,7). Deus chamou um povo para ser santo (Ex 19,6; Lv 20,8). É Deus que nos santifica por sua eterna misericórdia (Lv 20,8; Sl 52,10.11; Lm 3,22).
El Shaddai (Deus onipotente), Elyon (Deus Altíssimo) e Qadosh (Deus é Santo), estes três nomes indicam ter sido originariamente adjetivos que o uso acabou por reservar à Deus como nomes próprios.
No Novo Testamento, o único novo nome que aparece para Deus é Pai, que tão bem exprime o espírito de amor e misericórdia do Novo Testamento.
Nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina a intimidade com o Pai: “Portanto, deveis ser perfeito como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), “Pai nosso” (Mt 6,9).
Escreve São Paulo Apóstolo: “Porque sois filhos, enviou Deus aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba, Pai! De modo que já não és escravo, mas filho. E se és filho, és também herdeiro, graças a Deus” (Gl 4,6.7).
“Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1 Tm 1,2). É a riqueza da graça (Ef 1,7), o Deus de toda graça (1 Pd 5,10) que nos salva e nos santifica na graça do seu amor (Ef 2,4-10; Rm 5,5).
“Santo é o amor. Deves, pois temer a Deus por amor e não amá-lo por temor” ensina o sábio bispo e Doutor da Igreja São Francisco de Sales (2).
CRISTO É A FONTE
Disse Jesus: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba, aquele que crê em mim conforme a palavra da Escritura: de seu seio jorrarão rios de água viva” (Jo 7, 37.38).
“Sede meus imitadores, como eu mesmo o sou de Cristo” (1 Cor 11,1).
“Corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus” (Hb 12,1.2).
Cristo e o seu Evangelho são alicerces para os santos. São fontes inesgotáveis para santificação. Toda alegria, felicidade e o real sentido da vida, só podem ser encontrados em Cristo e no seu santo Evangelho.
Quando a pessoa encontra todo esse tesouro, encontra a verdadeira vida cristã. O entusiasmo de ser cristão, é o mesmo pela busca da perfeição. È a riqueza da graça que nos faz cristãos evangelizadores, mais pelos testemunhos de vida, do que por meras palavras.
O mundo está carente de autênticas e heróicas testemunhas evangélicas.
“A vida cristã se define como uma vida com Jesus Cristo”, disse o Papa Bento XVI.
“Os santos acreditavam em Cristo, cujo reino, que “não era deste mundo”, tornava-se uma realidade neste mundo. Cristo, a quem os santos lutavam por imitar, empreendeu Sua divina missão na terra, como um homem entre homens, sofreu e morreu sob as leis deste mundo e, contudo, nEle as exigências éticas, o amor e a beleza do princípio divino lograram plena realização na terra. Foi isto que encorajou os santos, que começaram suas vidas como homens e mulheres comuns, a seguir a Cristo; que os convenceu de que seriam capazes de alcançá-Lo se tivessem o cuidado, em todas as suas andanças, de nunca perder de vista Suas pegadas. A vida dos santos contêm uma mensagem de beleza e de esperança. Todos os nossos tesouros culturais, os valores eternos e ideais do progresso moral, de caridade, de amor e de justiça, nossa apreciação da arte e o sentimento que temos da grandeza do mundo natural, são expressões duma forma de energia criadora que tem seu fogo nas vidas dos santos e delas se irradia”, escreve o autor da obra clássica: “Os Santos Que Abalaram o Mundo”, René Fülöp – Miller (1).
O mundo vive uma crise catastrófica. O desmoronamento e a demolição de tudo e de todos pela força do mal é patente. Temos que retomar urgentemente a leitura e a vida dos santos para uma poderosa revolução do bem.
O bispo emérito de Petrópolis, dom José Carlos de Lima Vaz, vem publicando, desde o ano 2000, na revista Estrela do Mar, dos congregados marianos, a vida dos santos de sua devoção, e afirma: “A leitura da vida dos santos é sempre enriquecedora e pode ser o ponto de partida da conversão de vida”.
Realmente, quantos santos não se converteram lendo a vida de outros santos!
Muita gente se converte ao bom Deus lendo a vida dos santos. Outros tantos retornam a Santa Madre Igreja pelo conhecimento do santo do dia.
O erudito escritor inglês Gilbert K. Chesterton disse certa vez que o grande paradoxo da História é que cada geração é convertida pelo santo que está mais em contradição com ela.
DOR E SOFRIMENTO
“O santo às vezes sente a dor, mas logo se tranqüiliza na oração e, confiante em Deus, retoma serenamente o caminho”. “O santo vai sempre para frente, sem ligar para o próprio estado de saúde ou idade; pelo contrário, as doenças e as aflições se tornam para ele uma escada para uma maior perfeição; no seu fogo ele se purifica, como o ouro”, assim nos ensina de maneira magistral São Maximiliano Kolbe.
Muita gente se identifica com os santos pela dor e sofrimento. A vida tem suas agruras e tribulações e os santos têm muitas experiências, fé e esperança para nos motivar e ensinar vencer as lutas da nossa vida.
Sábias são as pessoas que buscam alento, consolo e fortaleza nos santos de Jesus Cristo. Estes são os nossos verdadeiros amigos para toda hora e ocasião.
São Francisco de Sales dizia: “A devoção é a rainha das virtudes”.
Realmente, não temos dúvidas que a devoção ao santo é a prática mais extraordinária para vida santa, caridosa e rumo à casa do Pai Celestial.
A devoção é chama ardente do cristão e a construção do nosso aperfeiçoamento em todas as áreas da nossa vida.
O cristão devoto vê sempre a beleza renovada da Igreja, a salvação das almas e a manifestação da glória da Santíssima Trindade.
Ter devoção aos santos é amar o Cristo Redentor. Eles amaram o Senhor na maior intensidade de suas vidas. Renunciaram a tudo por amor ao Senhor Jesus. Muitos foram sacrificados pela verdade do santo Evangelho, pela fidelidade a Cristo e a sua Igreja. “Mas o que era para mim lucro eu tive como perda, por amor de Cristo. Por ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado Nele”, escreve São Paulo Apóstolo (Fl 3,8-10).
O remédio para o nosso mundo é o resgate da atitude radical dos santos.
Os santos detonam a nossa vida mesquinha, superficial, egoísta, rasa, vazia e boçal.
Somos desafiados a mergulhar no oceano dos santos ou morreremos na lama do mangue.
Amamos os santos de forma abissal. Pelo seu exemplo de vida e pelo o que nos ensina amar a Cristo, o próximo e a vida com as suas incompatibilidades.
Três conselhos para vencer o mal:
1. Oração do Pai nosso.
2. Humildade e Perdão
3. Buscar na vida dos santos o modelo de paciência e moderação.
O escritor francês Georges Bernanos disse: “Cada vida de santo é como um novo florescer da primavera”.
Uma das maiores riquezas da Igreja de Cristo são os santos.
Alguém esbravejou dizendo: a Igreja Católica é muita rica! É verdade, ela é riquíssima, porque é a Igreja dos Santos!
CONCLUSÃO
Os santos são como o mar: jamais secam em amor.
São como os céus, gloriosos em amizade e comunhão.
São como o fogo, queimam o nosso egoísmo.
São como as rosas, cujo perfume não tem fim.
São como o mel, cujo doce é para sempre.
São como o vinho, não perdem o sabor nunca.
São como pães, sempre saindo do forno.
São como engenheiros, sempre construindo vidas.
São como decoradores, sempre embelezando as almas.
São tesouros eternos que podemos tê-los sem dinheiro.
São setas que apontam para o Salvador Jesus Cristo.
São como crianças, sorrindo e nos ensinando como devemos segurar na mão do nosso Pai do céu.
Os santos são modelos para os espíritos simples e sedentos da verdade, da transcendência e do caminho interior.
Os santos são perseverantes em seus ideais.
São determinados e definidos em seus propósitos.
São corajosos em realizar seus projetos.
São magistrais em seus ensinos.
Suas vidas são monumentais.
São líderes profundos com obras imortais.
São possuidores de um amor sacrificial, fé inabalável e estupenda convicção de vida eterna celestial.
Vamos seguir os exemplos dos amados santos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail: [email protected]
Notas e Bibliografia:
(1) FÜLÖP – Miller, René. Os Santos Que Abalaram o Mundo, Rio de Janeiro: Livraria José Olympo Editora, 1950, p.25.
(2) AQUINO, Felipe R. Queiroz de. Na Escola dos Santos Doutores, Lorena: Cléofas, 1996, pp 112 e 116.
LIMA Vaz, dom José Carlos de. Os Santos – Vida e Fé, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
São Francisco de Sales, Filotéia, Petrópolis, RJ: Vozes, 1990.