13.12.2008 - Reportagem da revista ISTOÉ, dezembro 2008.
Quem teme uma guerra devastadora, continente contra continente, humanos contra humanos, talvez nem imagina que o maior perigo pode vir de um céu extremamente estrelado. "Todos os dias, a Terra é bombardeada por cerca de seis mil asteróides. Pelos nossos cálculos, esse número irá aumentar exponencialmente para quase um milhão em 2020", declarou na semana passada, em Viena, o ex-astronauta da Nasa Russell Schweickart, presidente do Painel Internacional sobre a Redução da Ameaça de Asteróides (IPATM).
Com a autoridade de quem domina o assunto teoricamente, mas, também, de quem já esteve no espaço, ele complementou: "Muitos desses objetos cósmicos são pequenos e não representam perigo nenhum. É como um grão de areia atirado contra um vidro. Há, porém, um grupo de mil asteróides com mais de 150 quilômetros de largura, o suficiente para causar uma catástrofe mundial." Esse foi o discurso que abriu a conferência que reuniu a comunidade internacional de astronomia e astrofísica na apresentação do relatório Ameaças de Asteróides: uma Chamada para uma Resposta Global. Pode ser que, para o público leigo, Schweickart tenha sido até demasiadamente alarmista, mas o fato é que todos os cientistas anuíram com ele.
Não é à toa, portanto, que alguns deles insistiram em lembrar que na última vez em que um cometa, com as dimensões do estádio do Maracanã, entrou em rota de colisão com a Terra (1908) a Sibéria foi atingida com força equivalente à de duas mil bombas atômicas. E o estrago causado por esse astro, chamado Tunguska, correspondeu a dois mil quilômetros quadrados. "Se quisermos, podemos pensar em um estádio de futebol voando a 100 mil quilômetros por hora e despencando no coração de Tóquio, Nova York, Londres, Paris ou de qualquer outra grande metrópole do mundo?", disse Schweickart. "Pois bem, sem pavor nem alarde, eu acho que deveríamos pensar e nos prevenir." Segundo o relatório, o que antes era "suposição agora é certeza": a Terra pode ser atingida a qualquer momento.
Entre os nossos inimigos que vêm do céu está o asteróide Apophis (em grego significa "destruição"), malfeitor sideral que ostenta 500 metros de diâmetro e chegará próximo da órbita terrestre em 2029. Se ele se chocar, causará um impacto equivalente à explosão de 114 mil bombas atômicas. E a história de nosso planeta estará se repetindo: há aproximadamente 65 milhões de anos, um cometa se chocou contra a Terra, levando à extinção não somente os dinossauros, mas também 70% das espécies que viviam na Terra. As observações iniciais, feitas com telescópios de menor potência, indicam que qualquer asteróide com mais de 140 metros de diâmetro representa uma ameaça em potencial.
Mesmo que não nos atinjam, desintegrandose ao cruzar a atmosfera, tais bólidos podem provocar uma onda de choque suficiente para destruir um continente do tamanho da África. O problema é que as lentes dos telescópios atuais não conseguem captar a movimentação da maioria dos asteróides nos confins do Universo. "Estamos completamente despreparados. Quem fará a monitoração? Em quais informações iremos nos basear? Quais tecnologias de defesa serão aplicadas? Ironicamente, estamos em plena escuridão", disse Schweickart. Durante o congresso, a Agência Espacial Americana elaborou um documento no qual introduz o assunto de forma amena, mas no capítulo dedicado às conclusões torna-se bastante enfática: "O roblema pode ser maior do que se acredita." Segundo o observatório dos EUA, estima-se que haja 100 mil asteróides orbitando perigosamente a Terra, mas apenas quatro mil estão sendo monitorados.
Para evitar uma tragédia, os cientistas apresentaram duas saídas: desviá-los ou destruí-los. Na primeira hipótese, seria disparado um projétil nuclear para o interior do astro com força suficiente para empurrá-lo em direção oposta, desviando sua rota - método já empregado pela Nasa na missão Deep Impact. A outra alternativa envolve a construção de uma gigantesca e potente nave espacial, no formato de escudo, que teria como tarefa se chocar contra o asteróide, moendo-o em pedaços. Nos dois planos corremos o risco de ter problemas devido aos estilhaços desses astros. Mas será bem mais fácil lidarmos com um inimigo de proporções menores e não com o asteróide inteiro e compacto. (fim)
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Lembrando...
Cientistas pedem plano para desviar asteróide da Terra
18.02.2007 - Apófis, de 140 metros, pode atingir nosso planeta em 13 de fevereiro de 2036. Ex-astronautas pedem que ONU assuma responsabilidade pela defesa da Terra.
Um grupo de cientistas e astronautas pediu ação das Nações Unidas contra o asteróide Apófis, que vai chegar muito perto da Terra em 2036. Eles acreditam que a organização deve ser responsável por uma missão para afastar o perigo.
As chances do Apófis, que tem cerca de 140 metros, atingir a Terra em 13 de fevereiro de 2036 é de uma em 45 mil (a chance de ganhar sozinho na Mega-Sena, para efeito de comparação, é de uma em 50 milhões). Segundo a Nasa, o tamanho do estrago que ele poderia fazer depende do ângulo do impacto e do material do asteróide. É possível que ele seja capaz de destruir totalmente uma cidade.
A possibilidade já assusta e o Congresso dos Estados Unidos pediu recentemente que a Nasa melhore seu programa de busca de asteróides que podem passar perto demais do nosso planeta. A expectativa é que a iniciativa encontre centenas, ou até mesmo milhares, de ameaças vindas do espaço.
Para o ex-astronauta Rusty Schweickart, que voou na Apollo 9 em 1969, o problema não se resume ao Apófis e a busca de uma solução não deve ficar só na mão dos Estados Unidos. “Todos os países correm risco. Precisamos criar princípios gerais sobre como lidar com esse assunto”, disse ele durante uma exposição na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), que ocorre nos Estados Unidos.
Na próxima semana, Schweickart deve apresentar na ONU idéias de planos para o desenvolvimento de uma resposta a asteróides. Um grupo de ex-astronautas e cosmonautas, a Associação de Exploradores Espaciais, planeja entregar uma proposta formal às Nações Unidas em 2009. Para isso, organiza uma série de encontros já a partir deste ano.
Por enquanto, a possibilidade de defesa da Terra que parece ter mais apoio é o envio de uma nave que usaria a gravidade para alterar o curso do asteróide. Para desviar o Apófis, seriam necessários 12 dias “empurrando”. Quanto mais cedo a missão for enviada, mais fácil fica. O custo seria de US$ 300 milhões.
Fonte: Globo.com
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Diz na Sagrada Escritura:
"O terceiro anjo tocou a trombeta. Caiu então do céu um astro enorme, ardendo como um facho. Precipitou-se sobre a terça parte dos rios e nas fontes de água. O nome do astro é Absinto. E se converteu em absinto a terça parte das águas. Muitos homens morreram das águas que se tornaram amargas. O quarto anjo tocou a trombeta. Foi ferida então a terça parte do sol, da lua e das estrelas, de sorte que escureceram em um terço. O dia e a noite perderam uma terça parte de seu brilho.
O quinto anjo tocou a trombeta. Vi uma estrela que caíra do céu sobre a terra. Foi-lhe dada a chave do poço do abismo. Abriu o poço e do poço subiu uma fumaça como a fumaça de um grande forno. O sol e o ar escureceram por causa da fumaça do poço." (Livro do Apocalipse – São João)