16.10.2008 - Cidade do Vaticano - Na 17ª congregação geral da assembléia sinodal em andamento no Vaticano, foi apresentada aos padres sinodais, na tarde desta quarta-feira, uma proposta de reflexão da qual constam 19 quesitos. A proposta foi apresentada pelo Relator-geral do Sínodo, o cardeal canadense Marc Ouellet, que proferiu em latim sua Relatio post disceptationem, concluídos os pronunciamentos dos demais participantes da assembléia.
Como fazer com que os fiéis compreendam melhor que a Palavra de Deus é Cristo? Como elaborar um compêndio para a redação de homilias? Como conciliar diálogo inter-religioso e afirmação dogmática sobre a unicidade de Cristo? Como formar os fiéis _ e não apenas eles _ para a Lectio Divina? Não são questões simples aquelas que o Cardeal Ouellet propôs aos padres sinodais, mas são quesitos que retratam os pontos de vistas e dúvidas surgidos até aqui, no decorrer dos trabalhos sinodais.
O cardeal recordou, em seu relatório, o papel dos carismas, que permitem viver o Verbo divino de modo criativo, em tempos diversos e em culturas diversas. Além disso, sublinhou como fundamental, a capacidade do Evangelho, de curar as feridas do homem contemporâneo, que vive como se Deus não existisse e se distancia da Graça, abrindo as portas a novas formas de escravidão.
A propósito do diálogo, o Cardeal Ouellet argumentou que tanto no diálogo ecumênico, quanto inter-religioso e intercultural, o referencial permanece sendo a Bíblia, terreno de unidade, no qual podem ser superadas as divisões, mesmo em regiões da África, Ásia e América Latina, nas quais são fortes as tradições locais.
De modo particular, o relator referiu-se ao diálogo com os judeus e com os muçulmanos. Em relação aos primeiros sublinhou a relação toca o próprio coração da Igreja e do mistério da fé. Quanto ao diálogo com os muçulmanos, deve basear-se em princípios comuns, tais como a resistência à secularização e a afirmação da importância social da religião
Em todo o caso afirmou o cardeal vale a regra de ouro do respeito recíproco: "Verbum dei locum essentialem pariter obtinet cum culturis modernis… "
O Cardeal Ouellet dedicou um parágrafo especial à relação entre a Palavra de Deus e as culturas modernas, indicando que a primeira pode ser o fermento das últimas. A tarefa dos cristãos, então, é a de alimentar os laços entre ciência e fé, de permanecer ativos na vida pública, e de testemunhar sua fé com palavras e fatos.
No que diz respeito ao acesso às Sagradas Escrituras, o cardeal-arcebispo de Québec pediu que o Sínodo encorajasse a difusão da Palavra de Deus por meio das modernas técnicas de comunicação, tais como a Internet, e favorecesse a tradução da Bíblia também nas línguas menos conhecidas. (AF)
Fonte; Rádio Vaticano