Lista de pecados modernos inclui dirigir bêbado e jogar lata pela janela, diz bispo
10.03.2008 - Para D.Pedro Stringhini, da Arquidiocese de SP, Papa quis ampliar sentido de pecado.
Ele inclui trabalho escravo e estímulo à manipulação genética como exemplos de erro.
O bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Pedro Luiz Stringhini, disse nesta segunda-feira (10) que a lista de "pecados sociais" divulgada pelo Vaticano "é uma atualização do sentido de pecado" e contempla especialmente os crimes ambientais, desde os grandes, "como desmatar a Amazônia" até os pequenos, "como jogar a lata de cerveja pela janela do carro". Outro exemplo de pecado moderno, segundo Stringhini, seria dirigir embriagado. O religioso também incluiria na lista de pecados sociais o trabalho escravo e o apoio à pesquisa com células-tronco embrionárias.
Stringhini afirma que a doutrina social da Igreja Católica fala há tempos da questão social. "E falando da questão social, aquilo que não está certo são pecados sociais", disse Stringhini. "Imagina, nós temos aqui no Brasil o trabalho escravo. Se os donos dessas fazendas não estão cometendo pecado, se isso não e pecado, então o que é?", afirmou, pouco antes de dizer que os pecados contemporâneos dialogam com os tradicionais.
Os católicos são orientados tradicionalmente a evitar sete pecados capitais: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça. Agora o Vaticano acrescentou à lista uma série de recomendações sobre os chamados pecados sociais.
"Comete pecado social aquele fazendeiro que desmata a Amazônia, mas comete também delito aquele jovem que no carro joga a latinha de cerveja fora. Acho que é muito interessante que o papa coloque uma atualização do sentido do pecado. Eu até acrescentaria mais um: quanta gente não tem morrido, perdido a vida, por causa da irresponsabilidade de quem dirige bêbado. Está aí um outro pecado moderno", disse Stringhini.
A lista divulgada pelo Vaticano menciona também como pecado a manipulação genética. Em meio ao debate sobre a pesquisa com uso de células-tronco embrionárias no Brasil, Stringhini acrescenta que deve ser considerado pecado também, além da manipulação genética, o que ele chama de manipulação da informação.
"Quem está passando para os portadores de deficiência a informação, a idéia de que a pesquisa tem de ser feita e de eles logo estarão curados.... Quem está passando isso está vendendo uma ilusão, uma coisa que não é. Concordo, sim, que há certa irresponsabilidade na área de bioética. A ciência que não considere a ética será chamada a considerar a ética. E se a ciência se sobrepõe a qualquer principio ético estará havendo um desrespeito à vida", disse Stringhini.
Assim como quem cometeu pecados capitais, os infratores da lista de pecados contemporâneos ainda podem se eximir, de acordo com Stringhini. "Para todo pecado existe arrependimento e existe o perdão. E a igreja tem, vamos dizer, recursos, o sacramento da confissão e o sacramento da penitência. Tem de haver perdão, porque se não houver conciliação, consigo mesmo e com Deus, não há avanço, disse o religioso.
Fonte: G1