ONU: América Latina deve preparar crianças para desastres


10.10.2007 - A América Latina está muito preocupada em ensinar as crianças a conviverem com as catástrofes naturais e tornarem os colégios mais seguros, porém seus esforços não são suficientes, segundo o Secretariado da ONU para a Redução de Catástrofes (ISDR, na sigla em inglês).

"É verdade que estão fazendo coisas em muitos países da América Latina, mas ainda não é suficiente", disse à agência Efe o diretor do ISDR, Sálvano Briceño, por ocasião do Dia Internacional para a Redução de Catástrofes.

Briceño afirma que a educação e o reforço das instituições de ensino devem se transformar em prioridades nacionais porque "são as crianças que mais sofrem quando ocorre um desastre em horário escolar e as escolas não estão bem preparadas".

Para o diretor do ISDR, República Dominicana, Cuba, Jamaica e Barbados são alguns dos países caribenhos mais bem preparados.

Naqueles onde a estrutura é pior, como Haiti e Granada, os desastres naturais provocam maiores estragos.

Na América Central, Costa Rica e Nicarágua são os países que mais fazem para se preparar, enquanto outros como El Salvador e Honduras, "começam agora e ainda não fazem o suficiente", afirmou.

No entanto, não há diferenças apenas entre os diferentes países, mas dentro deles, como ocorre no Peru, "que está muito avançado em algumas regiões, e em outras não tanto, sendo que estas são as que sofreram maiores danos com o recente terremoto".

"Como cada país tem áreas mais vulneráveis que outras, é preciso desenvolver políticas nacionais que cubram todo o território, para reduzir o risco das ameaças naturais e dar prioridade às escolas", acrescentou.

O ISDR apresentou hoje os resultados da campanha "A Redução do Risco de Desastres Começa na Escola", que pretendia sensibilizar os Governos e a população sobre a necessidade de educar as crianças e tornar as instituições de ensino mais seguras.

Os dois anos de campanha permitiram a criação de uma maior consciência sobre a necessidade de preparar as crianças para eventuais catástrofes e elaborar o guia "Para uma Cultura de Prevenção: a redução do risco de desastres começa na escola", com exemplos concretos.

No entanto,o fortalecimento das escolas e a introdução de questões ligadas à redução do risco de catástrofes no currículo de estudos continuam sendo os maiores desafios.

"As crianças são um dos grupos mais vulneráveis durante os desastres", afirma Briceño, lembrando que milhões delas freqüentam colégios em áreas ameaçadas por terremotos, vulcões, furacões, secas, tempestades e inundações.

"Muitas crianças morrem porque não sabem viver com desastres ou porque têm aulas em escolas que não são seguras", disse Briceño.

Segundo o diretor do ISDR, "a redução do risco em caso de desastre não tem preço comparada com a perda de uma escola cheia de crianças soterradas por um deslizamento de terra ou esmagadas com a queda do edifício".

Briceño anunciou hoje que no próximo biênio trabalharão para reduzir as conseqüências dos desastres nos hospitais, "porque muitas pessoas morrem por falta de atendimento médico quando o hospital está destruído".

Em Genebra, A União Internacional de Telecomunicações (UIT) uniu-se às comemorações com a reafirmação da vontade de trabalhar para atenuar os efeitos das catástrofes naturais.

"Demos prioridade às telecomunicações de emergência e a UIT tomou consciência que a oportuna difusão de informação antes, durante e depois dos desastres é essencial para providências eficazes", afirmou o secretário-geral da organização, Hamadoun Touré, em comunicado.

Ele elogiou que "a comunidade internacional tenha mostrado uma determinação sem precedentes para mitigar as conseqüências desses desastres".

"Apesar de ser certo que não podemos prevenir os desastres naturais, não é menos certo que, sem dúvida, está em nossas mãos reduzir seus efeitos com uma preparação melhor", explicou Touré.

A Federação Internacional da Cruz Vermelha também pediu que os Governos aumentem os esforços na prevenção aos efeitos de catástrofes naturais, fenômenos que são cada vez mais freqüentes e que a cada ano atingem mais de 250 milhões de pessoas, um terço a mais que na década passada.

Fonte: Terra notícias

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