Estados Unidos: Polêmica no museu que mostra a criação bíblica como um fato
29.05.2007 - Em meio a protestos e câmeras de televisão, milhares de visitantes fizeram fila nesta segunda-feira (28/5) para a inauguração do "Museu da Criação", uma atração de US$ 27 milhões (em torno de R$ 54 milhões) mostrando que a história bíblica da criação é fato literal embasado pela ciência.
Os visitantes viram dinossauros animados de alta tecnologia abanarem o rabo ao lado de crianças brincando em um diorama natural. Eles examinaram fósseis e crânios, andaram por um Jardim do Éden exuberante e viram homens robóticos martelarem a Arca de Noé antes da retribuição de Deus.
Diferentes mostras e exibições defendiam que o Grand Canyon foi criado pelo dilúvio bíblico; os animais de Noé ocuparam continentes flutuando pelos oceanos em árvores caídas; que a Terra tem 6.000 anos, e não bilhões; e que os sapos venenosos eram inofensivos antes do pecado original de Adão.
Alguns visitantes disseram que o museu de 5.500 metros quadrados - um cruzamento de museu de história natural com parque temático bíblico - reforçou suas noções que as teorias da evolução e do Big Bang - que o universo foi criado em uma explosão gigante - estão erradas, apesar do consenso científico contrário.
"Se você quiser acreditar que veio de animais, isso cabe a você. Mas é mentira", disse Paul Aduba, de Toledo, Ohio.
Fora dos portões do museu, mais de 100 manifestantes, inclusive cientistas e grupos humanistas, brandiam cartazes que diziam: "Ciência, não superstição" e "Não faça lavagem cerebral em nossos filhos". Um grupo alugou um avião que atravessava o estacionamento com uma faixa que dizia: "Não mentirás".
"Esse é um museu de desinformação", disse Lawrence M. Krauss, crítico aberto que chefia o Centro de Educação e Pesquisa em Cosmologia e Astrofísica na Universidade da Reserva de Case Western, em Cleveland.
"Tudo bem as pessoas acreditarem no que quiserem - certo ou errado", disse ele. "Mas é inapropriado mentir e dizer que a ciência sustenta essas noções. Não sustenta."
Gene Kritsky, professor de biologia do Colégio de Mount St. Joseph, em Cincinnati, disse que o "museu entre aspas" - que atraiu a atenção da mídia internacional - era "uma vergonha" para a região.
O museu, que inclui um planetário digital, é o trabalho de um grupo religioso conservador, Answers in Genesis, parte do movimento criacionista "Terra jovem".
Diferentemente do "design inteligente", que sugere que o universo foi criado por um "projetista", mas não especifica quem e aceita que tenha bilhões de anos de idade, os criacionistas da Terra jovem acreditam que o livro do gênese da Bíblia explica exatamente como o mundo foi formado - ou seja, em seis dias de 24 horas.
Como acreditam que o mundo tem apenas 6.000 anos de idade, dizem que os dinossauros devem ter coexistido com humanos. Acreditam que as histórias do dilúvio e da arca são literalmente verdade.
"Usamos a mesma ciência... apenas a interpretamos de forma diferente", disse o criador Ken Ham, que começou o ministério em seu país natal, Austrália, e levantou fundos durante anos para montar o museu.
Ham disse que vê o museu como uma nova arma em uma "guerra cultural" mais ampla para os cristãos que "sentem que foram derrotados" em batalhas em torno do aborto, casamento gay e na afixação dos Dez Mandamentos em locais públicos. Ele também espera que o museu mude as opiniões de turistas descrentes.
As pesquisas mostram que muitos americanos concordam com a opinião de Ham. Uma pesquisa da CBS revelou que 51% dos americanos acham que Deus criou os humanos em sua forma atual. Outros acreditam que os humanos evoluíram, e Deus guiou o processo. Apenas 15% dizem que os humanos evoluíram e que Deus não estava envolvido.
Há meia dúzia de museus criacionistas em todo o país. No entanto, críticos e defensores dizem que o museu de Kentucky leva a noção a um novo nível por sua amplitude e alta tecnologia. Os organizadores esperam 250.000 visitantes por ano.
"Há duas teorias diferentes", disse Sean Riccardelli da Pensilvânia às suas filhas, Elina, 7, e Liza, 9, enquanto liam passagens bíblicas em uma das mostras. "Você acredita no que está em seu coração... no que sua fé diz."
As exibições questionam as evidências da evolução, como Lucy, o hominídeo etíope cujos restos são considerados um elo entre macacos e humanos. "Faz sentido", diz uma mostra, que alguns sistemas de organismos foram desenhados para funcionar juntos.
Judy Vinson, que fez uma viagem e sete horas do Alabama para ver a inauguração, disse que não encontrou nada com o que discordasse. "A evolução não faz sentido", disse ela, nem o big bang, que os cientistas acham que criou o universo. "Explosões não constroem", disse ela.
Fonte: UOL notícias
---------------------------------------------
Nota do Portal Anjo:
Papa diz que Ciência não consegue explicar criação
11.04.2007 - O papa Bento XVI, que pela primeira vez desde que assumiu como pontífice elaborou suas visões sobre a evolução, afirmou que a ciência estreitou a maneira como as origens da vida são entendidas e que os cristãos deveriam adotar uma posição mais ampla em relação à questão.
O papa afirma também que a teoria darwinista da evolução não pode ser provada completamente porque as mutações ao longo de centenas de milhares de anos não podem ser reproduzidas em laboratório.
Mas Bento XVI, cujas declarações foram publicadas nesta quarta-feira na Alemanha, no livro "Schoepfung und Evolution" (Criação e Evolução), elogiou o progresso científico e não endossou as visões criacionista ou de "design inteligente" sobre a origem da vida.
Estes argumentos, propostos principalmente por protestantes conservadores e derivados de cientistas, provocam batalhas sobre o ensino da evolução nos Estados Unidos. Alguns cristãos europeus e turcos muçulmanos reproduziram recentemente estas visões.
"A ciência abriu grandes dimensões da razão...e por isso nos trouxe novas percepções", disse o papa, ex-professor de teologia, em um seminário fechado com seus antigos estudantes de doutorado em setembro, documentado pelo livro.
"Mas na alegria com a amplitude de suas descobertas, tende a nos afastar das dimensões da causa que ainda precisamos. Seus resultados levam a questões que vão além de suas regras de método e não podem ser respondidas dentro dele", disse. "O tema está retomando uma dimensão de causa que perdemos", afirmou, acrescentando que o debate da evolução trata na verdade "das grandes questões fundamentais da filosofia ¿ de onde vieram o homem e o mundo e para onde estão indo."
O "design inteligente" argumenta que algumas formas de vida são complexas demais para terem evoluído ao acaso, como Charles Darwin propôs em seu livro de 1859 "A Origem das Espécies". A teoria afirma que uma inteligência maior deve ter feito isso, mas não a menciona como Deus.
No livro, Bento XVI defende o que ficou conhecido como "evolução teísta", a visão das igrejas Católica Romana, Ortodoxa e Protestante de que Deus criou a vida através da evolução e que religião e ciência não precisam confrontar-se por isso.
Ele argumenta que a evolução tem uma racionalidade que a teoria de seleção puramente aleatória não consegue explicar. "O processo em si é racional, apesar dos erros e da confusão quando passa por um corredor estreito, escolhendo algumas poucas mutações positivas e usando baixa probabilidade", disse.
"Isso...inevitavelmente leva à questão que vai além da ciência...de onde vem esta racionalidade?", pergunta. Em resposta à própria questão, ele afirma que vem da "razão de criação" de Deus.
Fonte: Terra notícias