21.06.2017 -
Foi presidida sobre pelo bispo Brian Farrell, secretário do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, e por Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial. O ato contou, entre os pregadores, com cardeal Ricardo Blázquez, arcebispo de Valladolid e presidente da Conferência Episcopal Espanhola e Pedro Zamora, pastor da Igreja Evangélica Espanhola.
O ato consistiu, informa a Universidade Pontifícia de Salamanca, em “uma comemoração ecumênica, entre luteranos e católicos, que reflete em sua estrutura litúrgica básica o tema da ação de graças, da confissão e do arrependimento, e o testemunho e compromisso comum” .
É chamativa a referência à confissão, detestada pelos protestantes na medida que exige a mediação do sacerdote para o perdão dos pecados e rompe a ideia de Lutero da salvação pela sola fide [somente a fé]. Este ato parece desprovido de toda condição sacramental.
Se começa a perder (e, felizmente, diríamos) uma referência à Eucaristia e ao sacramento ordenado a ela, que é da Ordem Sacerdotal. Foram excluídos dessa relação porque, de acordo com Martin Junge, “seu caráter sacramental e a definição teológica do ministério e sua publicação dentro do contexto eclesial não oferece, até o momento, uma base comum com a suficiente convergência para seguir avançando nos processos de unidade“.
E essa realidade é pertinaz: ou os luteranos aceitam a teologia católica da Santa Missa, e então já não serão luteranos ou católicos a abandonam, e, então, já não serão católicos. O que não haverá nunca é uma liturgia luterano-católica, e tampouco foi essa de Salamanca. Foi uma liturgia luterana, embora participando dela um bispo da Cúria e um cardeal.
A dita cerimônia encerrava um congresso de Teologia Ecumênica por ocasião do quinto centenário da Reforma, celebrado sob o título Do conflito à comunhão.
Nela se produziam algumas das vazias declarações que são frequentes no campo ecumênico: “Nossos diferentes tradições teológicas, litúrgicas, espirituais e canônicas são uma variedade de dons que temos de cuidar, compartilhar e apresentar, e dessas legítimas diferenças, aprofundar e lutar pela unidade” disse a reitora da Universidade Pontifícia de Salamanca, Mirian de las Mercedes Cortes Dieguez. Se católicos e protestantes tem apenas “tradições” distintas (de modo que pode ser entendidos os ritos católicos orientais e o latino), se ademais essas tradições são “dons” (entende-se que do Espírito Santo) e se as diferenças que nos separam são “legítimas” … o que detém esse movimento ecumênico oficialista de chegar até as últimas consequências? Se é “legítimo” e é um “dom” que os luteranos celebrem uma “ceia” sem consagração sacramental nem transubstanciação, para que continuar dialogando sobre o tema? Vamos nos unir em um sincretismo absoluto que tolere os opostos e esquecer o princípio da contradição, e pronto!
Tanto mais, como apontou o decano da Faculdade de Teologia, Gonzalo Tejerina Arias, “a unidade não tem marcha à ré, é o futuro do cristianismo: a unidade dos crentes é o único horizonte do futuro do cristianismo“. Dizer que a “unidade” é o futuro é esquecer de que a “unidade” é uma das notas essenciais atuais (não futuras) da verdadeira Igreja. O futuro desejável é que regressem a ela quem delas se separou. Dessa forma, apontar como “único horizonte de futuro” do cristianismo uma união de compromisso entre católicos, hereges e cismáticos é um verdadeiro insulto à virtude teologal da Esperança e uma falta de caridade para com os errantes. É assinalar que, sem o ecumenismo, a Igreja morreria, contra a promessa de Nosso Senhor da sua sobrevivência até o fim dos tempos.
Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com
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