13.07.2016 - Hora desta Atualização - 09h00
O bem-aventurado Francisco Palau y Quer O.C.D. nasceu no dia 20 de dezembro de 1811 em Aitona, na província espanhola de Lérida, e faleceu 20 de março de 1872 socorrendo as vítimas de uma epidemia em Tarragona. Fundou em Barcelona a ‘Escola da Virtude’, modelo de ensino catequético. Em 1860-61 fundou congregações de irmãos e irmãs carmelitanas terceiras, que deram origem posteriormente às congregações de Carmelitas Missionárias Teresianas e às Carmelitas Missionárias. Pregou missões populares e difundiu a devoção a Nossa Senhora. Foi beatificado em 24 de abril de 1988. Sua festa litúrgica se celebra em 7 de novembro.
O Beato Palau professou solenemente seus votos na Ordem Carmelitana em 15 de novembro de 1833, tempo de perseguição religiosa. Em 25 de julho de 1835, as turbas republicanas, socialistas e comunistas incendiaram os conventos e as casas religiosas, inclusive o convento do Beato. Ele teve que partir para o exílio e usou o resto de sua vida o hábito carmelita por baixo de uma batina de padre secular. Escolheu para morar uma gruta a dois quilômetros de Aitona, hoje conhecida como Cueva del Padre Palau e transformada em santuário mariano. Mas a perseguição chegou até ali. Ele sofreu atentados de morte e teve de partir para o exílio na França, onde residiu por onze anos até 1851. Na França, a sua fama de santidade se espalhou entre o povo e a nobreza, pelo que também foi perseguido pelo anticristianismo.
Voltou à Espanha em 13 de abril de 1851. Nomeado diretor espiritual do seminário diocesano de Barcelona, ele organizou a ‘Escola da Virtude’ na paróquia de Santo Agostinho. O extraordinário sucesso da Escola em tirar o povo da influência revolucionária anticristã motivou arruaças socialistas e comunistas. O governo liberal desterrou então o Beato Palau para a ilha de Ibiza, onde ele permaneceu durante seis anos e fundou uma ermida consagrada a Nossa Senhora das Virtudes, primeiro santuário mariano da ilha.
Exilado em Ibiza, ía ao rochedo Vedrá (foto) fazer retiro espiritual.
É autor de vários livros. No fim de sua vida dirigiu e foi o principal redator do semanário ‘El Ermitaño’, onde publicou suas reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja. Seus escritos se destacam pelas suas luzes proféticas. Nos anos finais de sua vida o Beato Palau trabalhou muito como exorcista. Até concebeu o projeto de uma Ordem de exorcistas e enviou ao Concilio Vaticano I um amplo escrito sobre o tema. Muitas das formulações mais caras ao Beato encontram-se incluídas no exorcismo para uso público e privado aprovado por S.S. Leão XIII.
Em seu jornal ‘El Ermitaño’, o Beato Palau tratou especialmente dos eventos de sua época. Ele via os problemas religiosos, políticos, sociais, econômicos – e até tecnológicos – como fazendo parte de um só e imenso movimento que, animado por Lúcifer e seus sequazes, procurava derrubar a Igreja Católica e a ordem social cristã. Arguto e intenso analista das informações que chegavam a Barcelona através dos jornais e telégrafos, ele teceu visualizações inspiradas pela Fé e pelos seus estudos teológicos às quais é difícil recusar uma inspiração profética. Sua linguagem, como era usual em seu tempo, utiliza muitas figuras e símbolos. Por exemplo, no artigo seguinte, intitulado “Um cometa”, publicado em 25 de Agosto de 1870. O cometa simboliza e sinaliza aqui a libertação de Satanás, para fazer os danos ao mundo, previsto no Apocalipse:
‘Eu vi um cometa, o mesmo cometa, aquele sinal misterioso, sobre o qual fiz tantas reflexões. Sua cauda tinha forma de espada, de uma espada de fogo que lançava bolas de fogo em direção à terra.
Eu fiquei atento olhando para a espada. Horrivelmente fiquei tomado de espanto, porque apareceu uma mão misteriosa que empunhou a espada, e na hora pelo orbe inteiro se ouviram hinos de guerra: guerra no mundo oficial político, guerra entre os reis, guerra por razões de interesse puramente material. ’
‘Enquanto eu olhava a mão que empunhava a espada de aço voltada contra a cabeça dos reis, saiu do cometa outra cauda, e apareceu na hora uma outra mão que pegou a cauda do cometa que era toda de fogo e em forma de espada, e entre trovões e relâmpagos a espada jogava raios e faíscas contra o globo terrestre, e as duas espadas, batendo entre elas, acendiam sobre a terra a mais encarniçada guerra que os séculos já viram: na política e na religião: uma guerra universal. (...)’
‘O cometa era um sinal colocado no firmamento do mundo espiritual. Ele joga uma luz que ilumina a história presente e vindoura deste mundo material visível onde acontece a atividade humana. (...)’
‘A luz desse cometa ilustra o cumprimento desta profecia: ‘Satanás será solto da prisão. Sairá dela para seduzir as nações dos quatro cantos da terra.’ ‘(Ap. 20, 7-8)
‘À luz deste cometa se vê a obra de Satanás, aquele mistério de iniqüidade que começou a se tramar contra a Igreja, quando Ela estava ainda em seus primórdios. Satanás desencadeado seduziu todos os reis e todos os príncipes da terra; ele voltou suas espadas e cetros contra a Igreja: esta é a sua obra.’ ‘O cometa mostra duas mãos e as duas empunham uma espada, e as duas vão contra Cristo e sua Igreja, e anunciam uma guerra igual à dos primeiros séculos, porém mais horrorosa, sem comparação. (...)’ ‘Satanás desencadeado consumou sua maldade, porque obteve nesta ordem material política a apostasia de todos os reis e governos.’ ‘Eu, o Ermitão, percebendo este fato, peguei dois pedaços de madeira, fiz uma Cruz e escrevi nela Quis ut Deus? (...)’ ‘O cometa significa e desvenda o desencadeamento e a libertação do diabo e, em conseqüência, a apostasia predita pelo apóstolo: um reino de trevas e de maldade, uma época de incredulidade e de erros.’ ‘O cometa sinalizará o anátema, a maldição, a morte, a guerra e a anarquia social; dias de luto e pranto. E quando o Ermitão viu este sinal, quer dizer, o diabo desencadeado, vos disse, e vos repete sempre a mesma coisa, certo de que o tempo confirmará a verdade destes fatos.’
Beato Francisco Palau O.C.D.: Lúcifer, autor da revolta no Céu, instiga uma revolução análoga na Terra
As antevisões do Beato Francisco Palau y Quer O.C.D. (1811-1872) impressionam pela penetração e riqueza de panoramas. As suas previsões referentes aos dias de hoje são surpreendentemente detalhadas, abrangentes, fruto de longos estudos dos autores sagrados, Doutores e grandes teólogos da Igreja.
O Beato via os eventos históricos futuros imediatos se desenvolvendo segundo uma sequência fundamental:
1°. A marcha do mundo em direção à dissolução social e ao estabelecimento de uma anti-ordem caótica como fruto de uma Revolução anticristã;
2°. A denúncia dessa Revolução por um enviado de Deus e seus discípulos, seguida da justa punição divina da iniquidade;
3°. A restauração da Igreja e das nações por obra do Espírito Santo e o advento de um período em que as pessoas imbuídas do espírito do Evangelho dariam uma glória a Deus historicamente inigualável. Esse período histórico duraria até o fim do mundo.
Nossa Senhora das Virtudes, grande devoção do Beato Palau.
O bem-aventurado frade deplorava as sucessivas quebras das instituições fundamentais da ordem cristã como a família e a propriedade. Lamentava a demolição da moralidade e dos estilos de vida tradicionais, minados pela revolução industrial. Condenava a derrubada das formas tradicionais de governo por constantes golpes políticos. Não aceitava que todas essas demolições convergentes fossem resultado do acaso. Pelo contrário, a variedade imensa das crises era para ele resultante de uma causa única. Ele se perguntava se por detrás delas, no comando, não havia alguma inteligência forçosamente diabólica. Sim, respondia ele, o próprio Lúcifer, que seduziu um terço dos anjos no céu, apoderou-se do coração de uma série de homens-chave na Terra e mais uma vez ergueu a bandeira da revolta.
Esse novo Non serviam (‘Eu não servirei’) é a grande causa das crises no mundo, concluía. E essa para ele tinha um nome: ‘Revolução’.
‘O que é a Revolução? – explicou – É hoje na Terra aquilo mesmo que aconteceu no Céu quando Deus criou os anjos: Satanás (...) seduziu todos os reis e governos da terra e com a bandeira ao vento dirige seus exércitos na guerra contra Deus, (...) isto é revolução, isto é anarquia entre os homens e guerra contra Deus’ (‘Triunfo de la Cruz’, El Ermitaño, Nº 125, 30-3-1871.).
‘Satanás é o pai da Revolução – ensinava, parafraseando um célebre escrito de Mons. de Ségur –, essa é a obra dele, iniciada no Céu e que vem se perpetuando entre os homens de geração em geração.
‘Por primeira vez após seis mil anos ele teve a ousadia de proclamar diante do Céu e da Terra o seu verdadeiro e satânico nome: Revolução!’
‘A Revolução tem como lema, a exemplo do demônio, a famosa frase: não obedecerei! Satânica em sua essência, ela aspira a derrubar todas as autoridades e seu objetivo derradeiro é a destruição total do reino de Jesus Cristo sobre a terra.’ (‘Adentros del catolicismo – abominaciones predichas por Daniel profeta en el lugar santo: Apostasía’, El Ermitaño, Nº 21, 25-3-1869.).
Segundo o bem-aventurado, essa Revolução realiza os anúncios das Sagradas Escrituras relativos à apostasia dos últimos tempos. A análise racional, tranquila e vigorosa dos acontecimentos sociopolíticos contemporâneos o confirmava nesta sua convicção. A Revolução leva a uma catástrofe que o Beato Palau queria evitar.
No século XIX a humanidade imergia de modo displicente e veloz na anarquia, impelida pelas tendências desordenadas que alimentam a Revolução, especialmente o orgulho e a sensualidade. Por isso, o Beato Palau concluiu que a dinâmica revolucionaria impulsiona o mundo de modo implacável ao caos e ao desaparecimento da ordem social. O beato usava como exemplo um acidente ferroviário que abalou seus contemporâneos. Um temporal derribara uma ponte na Catalunha, e um trem expresso – naquela época símbolo embriagador do progresso industrial – sem saber do acontecido, precipitou-se no abismo durante a noite. Ele viu no acidente uma parábola do mundo superficial e despreocupado, portador de restos de cultura e religião, sendo conduzido pela Revolução rumo a uma catástrofe que o bem-aventurado desejava evitar, mas que ninguém queria ouvir falar:
‘Uma horrorosa catástrofe anunciada pelos profetas, por Cristo, pelos Apóstolos e por todos os porta-vozes mais autorizados do catolicismo. A sociedade atual, conduzida em massa pelo poder das trevas e pelo poder político, subiu num trem. Mas os maquinistas a levam para os infernos. A estação de onde saiu chama-se Revolução, a próxima estação chama-se Catástrofe Social.’ (‘Catástrofe social’, El Ermitaño, Nº 40, 5-8-1869)
Fonte: http://www.mulhervestidadesol.com.br