Monsenhor Tihamer Toth: Não quero ouvir, covardemente, passivo os inimigos de minha religião!


06.05.2016 - Hora desta Atualização - 20h03

Sabes, meu amigo, que coisa é não uivar com os lobos? Ora! Esta pergunta te espanta? No entanto, ela aponta o grande perigo que ameaça muitos jovens que têm, infelizmente, caráter fraco.

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Lembro-me a profunda impressão que me causou a história da covardia de Pilatos. “Não acho culpa nesse homem”, disse.

Põe-te então no lado de Jesus acusado! Liberta-o! Defende-o contra o populacho! — Não, Pilatos não é capaz disso, porque lhe gritam ao ouvido que o acusarão diante de César. — Ah! junto a César? Então encerrarei minha carreira? — Pois que pereça Jesus, eu quero progredir!

Esta covarde falta de princípios repete-se na vida de tantos jovens… Eles gostam de sua religião e praticam-na, contanto que ninguém em sua presença pense diversamente. Pois, se alguém começar a zombar da religião, se um cabecinha de vento ridicularizar as coisas mais sagradas eles se retraem receosos, calam-se, envergonham-se: poderiam dirigir-lhes motejos, chamá-los de carola ou ingênuo… A princípio sorriem sem jeito, “para não ofender os de outra opinião”; com o tempo aceitam opiniões mais livres; por fim eles uivam com os lobos, isto é, por medo dos homens, renegam covardemente sua fé.

Bastava que refletissem um pouco: por amor a quem traíram a verdade? Pilatos fê-lo por causa do populacho; e eles? Por causa de uns tolinhos de cabeça oca.

Grandes idéias exigem mártires. É fácil filosofar em cômoda poltrona, junto à mesa posta ou à lareira confortável. Mas, a força de um ideal só se manifesta deveras quando em luta de vida e morte, quando a defesa dum princípio pede o sacrifício da riqueza, do bem estar, da família, da própria vida.

Bem podes orgulhar-te da fé católica, quando mais não o fizeres senão por ter proporcionado fortaleza a milhões de mártires, a fim de perseverarem mau grado as mais horríveis torturas.

Há uma biblioteca inteira sobre os sofrimentos dos mártires. É impossível narrar pormenorizadamente aqui seus feitos sublimes. Servir-te-á, entretanto de incentivo na fé, a leitura frequente de suas vidas, e o espetáculo de sua inabalável firmeza ante o martírio; não somente homens, mas ainda mulheres, anciãos, meninas e rapazes. Os imperadores romanos, os sacerdotes dos ídolos, os filósofos e os algozes sedentos de sangue jamais os pouparam, movidos pelo desespero do paganismo agonizante.

Entre eles houve meninos, que se poderiam ter subtraído às terríveis torturas, caso cedessem numa ninharia apenas: deitar uns grãozinhos de incenso no altar do ídolo; com uma única palavra renegar a Cristo. Mas não, não o fizeram!

Leônidas o pai de Orígenes fora encarcerado. O menino escreveu uma carta, em que pedia a seu pai não renegasse sua fé por amor à família. Leônidas sofreu serenamente a morte, e o órfão Orígenes suportou heroicamente com sua mãe e seus seis irmãos menores, a pobreza em que vieram a cair.

Cirilo, rapaz de doze anos, foi expulso de casa por seu pai, por causa da fé cristã. O juiz pagão mostrou-lhe os horrorosos instrumentos de tortura para causar-lhe medo. Cirilo exclamou: “Andem depressa, depressa, para que mais cedo eu chegue ao céu”. E, durante a execução, era ele quem consolava os assistentes que choravam.

Contudo, não é somente nos primeiros séculos que correu o sangue de fiéis confessores da fé; sempre houve almas fortes que souberam suportar as dores por Jesus Cristo e pela fé católica. Encontrarás nas páginas da história inúmeros homens de caráter que terminaram seus dias sob o cutelo do algoz, porque não quiseram abjurar a fé católica (na Inglaterra, por ex., o bispo Fisher, o chanceler Tomás Moro, etc.). Não é pois uma inominável covardia, repudiar tua convicção religiosa por mêdo a gente frívola e leviana?!

“Mas são rapazes de famílias distintas!” Não, não são! Quem fala levianamente de coisas religiosas, dá prova cabal da baixeza de seu caráter. “Contudo, são jovens da melhor sociedade!” Não! Onde não se respeita a Deus, não há boa sociedade.

“Mas eles são muito mais velhos ido que eu! Que posso fazer?” Quem quer que ataque a religião, embora seja muito mais idoso do que tu, dize-lhe tua opinião calma e refletida, mas corajosa e decididamente. Não entres em discussão com os adversários — isso não dá resultado — mas não suportes sem reação nenhuma calúnia. Imagina, então, a Jesus de novo diante de Pilatos, e indigna-te como se alguém fizesse mal a tua mãe:

Não permito que espezinhem minha fé católica! Não suporto calado que se insultem coisas sagradas! Não quero ouvir, covardemente, passivo os inimigos de minha religião! Não permito, como Pilatos, que se ultraje a verdade! Guardo no coração as palavras de Jesus: “Quem me confessa diante dos homens, eu o confessarei diante do Pai Celeste. Quem me negar diante dos homens eu o negarei diante de meu Pai Celeste” (Mt. 10, 32-33). 

Religião e Juventude – Monsenhor Tihamer Toth

Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com

 

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