13.05.2015 -
Em se tratando de uma postagem de blog, tratamos sucintamente aqui acerca do Terceiro Segredo de Fátima divulgado no ano 2000 pelo Vaticano, embora o assunto devesse ser objeto de profundos estudos dos católicos tradicionalistas anticomunistas.
No início deste milênio a mídia e o mundo ainda festejavam a queda do comunismo na Rússia e no leste europeu. Ora, passados 15 anos desde a divulgação do Terceiro Segredo, o que podemos chamar de comunismo invisível avança quase sem resistência, e realiza a destruição das famílias pelo aborto, o divórcio e o casamento homossexual, como também a destruição da propriedade privada e de toda ordem jurídica nos países de governos socialistas em toda a América Latina. Prossegue a invasão russa na Ucrânia, e as nações vizinhas temem as ambições expansionistas de Vladimir Putin. Há ainda a perseguição aos cristãos pelo Islã e a invasão muçulmana da Europa. Esta é uma visão muito resumida do estado atual do mundo.
Há três aspectos que queremos ressaltar nas aparições e na Mensagem de Fátima. O primeiro ponto, para o qual chamamos a atenção dos leitores, é que o tema Fátima muitas vezes é tratado de forma isolada sem a conexão histórica com as aparições mariais na França, em La Sallete (1846), em Lourdes (1858) e na Rue de Bac (1830). Também é prejudicial para o público católico que não se destaque o estreito vínculo entre Fátima e a expansão dos erros da Rússia no mundo por meio do comunismo. Com efeito, o ano de 1917 é importante na história da humanidade, pois em 13 de maio Nossa Senhora apareceu em Fátima. Foi também o ano da revolução comunista, que explodiu em outubro na Rússia. E em Roma São Maximiliano Maria Kolbe viu os maçons desfilarem portando um estandarte em que Lúcifer esmagava São Miguel Arcanjo.
O segundo ponto que merece atenção, é que nos últimos anos a própria identidade da Irmã Lúcia passou a ser questionada. Surgiram análises que sustentam que a Irmã Lúcia que aparece nas fotografias até 1960, não é a mesma pessoa que aparece após essa data.
Essa misteriosa substituição é analisada nas fotografias e comentários estampados no site norte-americano Tradition in Action, que postou várias matérias a esse respeito, e a ele remetemos os leitores (1). Não cabe aqui especularmos o que aconteceu com a verdadeira: se morreu de causas naturais, ou foi encarcerada, ou mesmo assassinada.
O terceiro ponto diz respeito à autenticidade da terceira parte da Mensagem de Fátima – o assim chamado Terceiro Segredo de Fátima – que vem sendo questionada. A nosso ver, o que foi apresentado pelo Vaticano no ano 2000 não corresponde à carta que a Irmã Lúcia encaminhou ao Papa, para ser aberta e revelada ao mundo a partir de 1960. Qual seria então o verdadeiro segredo e qual o objetivo dos que divulgaram a falsificação?
Como se sabe, a Mensagem (ou Segredo) de Fátima foi transmitida por Nossa Senhora aos três pastorinhos em Fátima na terceira aparição, em 13 de julho de 1917, e comporta três partes. A primeira é a visão do inferno, que deixou as três crianças apavoradas. Na segunda parte, em síntese, Nossa Senhora diz que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração, e anuncia que a Primeira Guerra vai acabar logo. A Segunda Guerra virá depois de uma noite iluminada por uma luz desconhecida. Diz que virá pedir a consagração da Rússia e a comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se não atenderem a esses pedidos, a Rússia espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, várias nações serão aniquiladas. Por fim o Imaculado Coração triunfará. A terceira parte é o famoso Terceiro Segredo.
Nossa Senhora, na segunda parte da Mensagem de Fátima, alerta o povo católico contra a revolução comunista, pois o primeiro país em que o comunismo conseguiu se instalar vitoriosamente foi a Rússia cismática, e isto aconteceu no final do mesmo ano de 1917. Este país depois provocou guerras e perseguições à Igreja, inclusive por meio da infiltração dos erros comunistas na Igreja Católica.
No início dos anos 60 veio o Concílio Vaticano II. A Igreja Católica passou então por uma grande mudança, o modernismo que havia sido condenado com vigor pelo Papa São Pio X ressurgiu com o nome de progressismo. Já nas aparições de La Salette (1846), Nossa Senhora mostrara a decadência do clero, chegando a dizer que os padres tinham se tornado “cloacas de impureza”. Esta situação se agravou após o Concilio Vaticano II, com o advento da “missa nova” e o processo de autodemolição da Igreja. Houve grande crise de fé. Como o Terceiro Segredo devia ter sido divulgado no início da década de 1960 e não o foi, temos a convicção de que essa gravíssima omissão se deveu ao fato de Nossa Senhora, nessa terceira parte de sua Mensagem, haver dito que não devia ser feito o Concilio, que não se fizessem alterações na santa missa e na liturgia, e também de ter prevenido sobre a ação de “pastores demolidores” da fé católica.
Agora passamos a discorrer sobre a terceira parte da Mensagem de Fátima e qual a intenção dos pastores demolidores e prelados modernistas ao adulterarem o seu conteúdo.
Ora, até o ano 2000 os católicos em geral mantinham um olhar de grande esperança sobre as aparições de Fátima, considerando seu papel fundamental na solução da apocalíptica crise em que a Santa Igreja e o mundo estão mergulhados. E os pecadores, em grande número, olhavam a Mensagem com um temor que era de grande valor, porque era um santo temor de Deus e dos castigos prováveis futuros, o que preparava sua conversão.
Mas o próprio Vaticano não escondeu no ano 2000 qual a verdadeira intenção da divulgação do referido Terceiro Segredo. Com efeito, o porta voz da Santa Sé na época, Joaquim Navarro Vals, membro numerário do Opus Dei, afirmou em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, que “a decisão de publicá-lo vem da convicção de que não se podia deixar Fátima como refém” nas mãos do “tradicionalismo católico antiecumênico” e anticomunista.
Foi o que o porta voz da Santa Sé declarou, numa entrevista a Luigi Accattoli (in Corriere della Sera, de 18 de maio). Eis a pergunta de Accattoli, e a resposta de Navarro-Valls:
– “Fátima foi sempre um ‘cavalo de batalha’ do tradicionalismo católico, anticomunista certamente, mas também antiecumênico. A decisão de publicar a ‘terceira parte’ do segredo não comporta um apoio àquele tradicionalismo? E como se conciliaria um tal apoio com o impulso ecumênico da viagem à Terra Santa?”
[Resposta:] – “A publicação da profecia não comportará em absoluto um apoio papal ao tradicionalismo antiecumênico, o qual abusivamente se havia apropriado de alguns aspectos da mensagem de Fátima, especulando em clave milenarística exatamente sobre presumidos – mas não reais – conteúdos daquele texto inédito. A decisão de publicá-lo vem, antes, da convicção de que não se podia deixar Fátima como refém de uma posição partidarista. Quando [o Segredo] for conhecido, cada aspecto da mensagem de Fátima reencontrará a justa proporção, e o conjunto ficará mais compreensível para todos”.
Pois bem, esta manobra de guerra psicológica revolucionária feita por Navarro-Vals, Cardeal Bertone e Cardeal Ratzinger, devemos reconhecer que infelizmente foi bem sucedida, pois passados 15 anos, muitos católicos consideram que o Terceiro Segredo se referia ao atentado sofrido por João Paulo II em 1981. Não há mais uma graça de conversão ou de verdadeiro temor de Deus. Ocorreu uma apostasia enorme, com numerosos fatos de “autodemolição da Igreja” que seria extenso enumerar. E sobretudo, não se fala mais na devoção ao Imaculado Coração de Maria e na derrota do comunismo e das heresias.
Mas, não foram só os católicos modernistas que caíram na armadilha, pois muitas vezes os católicos tradicionalistas anticomunistas e antiecumênicos são os que fazem a divulgação do falso terceiro segredo sem qualquer ressalva, muitos dos quais, diga-se de passagem, mesmo tendo um conhecimento muito mais profundo sobre o assunto que acima expus de forma resumida, acabaram militando do lado errado, o que é muito triste.
Com efeito, o Terceiro Segredo que foi divulgado, apresenta uma estrada de mártires, uma procissão com um papa, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, como também pessoas do povo, que caminham para o martírio. Mas isto não corresponde aos prelados demolidores, colocados nos mais altos postos da hierarquia eclesiástica, nem ao atual estado de almas das pessoas que vivem fora da virtude, afundados nos vícios capitais.
A crise da Igreja, que hoje é uma imensa calamidade, já nos anos da década de 1940 chamou a atenção de Irmã Lúcia. Duas cartas, publicadas pelo Pe. Antônio Maria Martins, S. J., em seu livro “O Segredo de Fátima – nas memórias e cartas da Irmã Lúcia” (Ed. Loyola, São Paulo, 1997 – 10ª ed.), mostram como, nelas, a Irmã Lúcia adota outro tom. Vejamos o seu conteúdo:
“ J. M. J.
“Tuy, 19 12 1940
Eminentíssimo Senhor Cardeal Patriarca
.... Nosso Senhor está descontente e amargurado com os pecados do Mundo e com os de Portugal, queixando-se da falta de correspondência, vida pecaminosa do povo, em especial da tibieza, indiferença e vida demasiado cômoda que levam a maioria dos sacerdotes, religiosos, e religiosas. É limitadíssimo o número das almas com quem se encontra na oração e no sacrifício. Em reparação por si e pelas outras nações, Nosso Senhor deseja que em Portugal sejam abolidas as festas profanas nos dias de Carnaval, e substituídas por orações e sacrifícios, com preces públicas pelas ruas. Rogo, pois, a V. Eminência se digne, em união com todos os Bispos de Portugal, promovê-las. ....
Com o maior respeito, peço se digne abençoar a mais humilde serva de V. Eminência.
Maria Lúcia de Jesus”
Ou ainda:
“J. M. J.
Tuy, 4 5 1943
Rev.mo Senhor Padre Superior
Graças a Deus, chegou enfim uma carta de V. Rev.a. Meu Deus, quanto tardou! .... Nem posso pensar que está lá tão longe .... Tive .... que manifestar, ao Sr. Arcebispo de Valladolid, um recadito de Nosso Senhor para os Senhores Bispos cá de Espanha, e outro aos de Portugal. .... [Nosso Senhor] deseja que os [Srs. Bispos] de Espanha se reúnam em retiro e determinem uma reforma no povo, clero e ordens religiosas; que alguns conventos e muitos membros de outros!... entende? .... Se os Srs. Bispos da Espanha não atenderem aos seus desejos, ela [a Rússia] será mais uma vez ainda o açoite com que Deus os pune...
Peço se digne abençoar-me
Ínfima serva de V. Rev.a
Maria Lúcia de Jesus, R. S. D.”
A carta acima mostra quem é a verdadeira Irmã Lúcia, a verdadeira vidente de Fátima. Muito diferente da Irmã Lúcia do pós Concílio Vaticano II.
Cremos que o assunto requer ainda uma segunda postagem para tratar do Terceiro Segredo em minúcias. Desta vez, paramos por aqui, pois atingimos nosso objetivo inicial, o de fazermos uma denúncia sobre questões silenciadas por muitos católicos tradicionalistas.
Agradecemos aos amigos, irmãos de ideal e de luta, que nos orientaram na questão “Fátima”, pois, do contrário não teriamos a mínima noção do que se passou. É melhor a verdade, por mais dura e difícil que seja, do que viver no reino da mentira cujo dono é o diabo.
Como felizmente há católicos em vias de se tornarem ultramontanos, católicos tradicionalistas, antiecumênicos e anticomunistas, é também para estes que escrevemos, sempre confiantes nas palavras de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim meu Imaculado Coração triunfará”.
Por Lucas Janusckiewicz Coletta
Fonte: http://escritosdesaomaximilianomariakolbe.blogspot.com.br e www.rainhamaria.com.br
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Nota de www.rainhamaria.com.br
Jacinta, uma das videntes de Nossa Senhora em Fátima , em suas últimas palavras, comunicadas à sua madrinha, madre Maria da Purificação Godinho, disse: "Minha madrinha, peça muito pelos pecadores! Peça muito pelos padres! Peça muito pelos religiosos! Os padres só deviam ocupar-se das coisas da Igreja . Eles devem ser puros. A desobediência dos padres e dos religiosos aos seus superiores e ao Santo Padre ofende muito a Nosso Senhor. Sobre o pecado – Os pecados que levam mais almas para o inferno são os da carne.
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