22.02.2013 -
“Nestes cinquenta anos aprendemos e experimentamos que o pecado original existe e que se traduz, sempre de novo, em pecados pessoais, que podem também tornar-se estruturas de pecado. Vimos que no campo do Senhor há sempre o joio. Vimos que na rede de Pedro se encontram também peixes maus”. O joio. Os peixes maus. As “estruturas de pecado”. Quinta-feira, 11 de outubro, festa de Santa Maria Desolata. Este é o dia em que a Igreja faz memória do Papa João XXIII, 50 anos do início do Concílio. Bento XVI se apresenta no balcão [da Basílica de São Pedro] e aos jovens da Ação Católica reunidos na praça: “Há cinquenta anos, neste dia, também eu estava, como vós, aqui na Praça com o olhar voltado para esta janela, a ouvir as palavras cheias de poesia e de bondade do Papa. Éramos, então, felizes e cheios de entusiasmo, estávamos certos de que devia vir uma nova primavera da Igreja”. Breve pausa. Éramos felizes, no passado. “Hoje, a alegria é mais sóbria, humilde. Em 50 anos, aprendemos que a fragilidade humana está presente também na Igreja”. Que é o joio, que são os maus peixes.
Na noite de outubro, ninguém compreendeu. Os jovens na praça aplaudiram e recordaram a memória do Papa João. Ninguém sabia que dois dias antes, Bento XVI havia novamente encontrado o Cardeal Julian Herranz, 83 anos, o espanhol do Opus Dei a quem encarregou de presidir a comissão de inquérito sobre o que os jornais chamam de Vatileaks. O corvo, o vazamento de informações, as cartas regularmente furtadas do apartamento do Papa Ratzinger. Herranz atualizava Ratzinger com regularidade. Toda semana, em conversas particulares, de abril a dezembro. O Papa tomou conhecimento, com crescente preocupação, dos desenvolvimentos da investigação: dezenas e dezenas de entrevistas com prelados, purpurados, leigos. Na Itália e no exterior. Dezenas e dezenas de memorandos relidos e assinados pelos interrogados. De início, as mesmas perguntas para todos, depois, entrevistas livres. Controles cruzados. Verificações. Um quadro do qual estava emergindo uma rede de lobby que os três cardeais dividiram por origem de congregação religiosa, por origem geográfica. Os salesianos, os da Ligúria, os da Lombardia. Finalmente, naquele dia de outubro, a passagem mais espinhosa. Uma rede transversal unida pela orientação sexual. Pela primeira vez, a palavra homossexualidade foi pronunciada, lida em voz alta de um texto escrito, no apartamento de Ratzinger. Pela primeira vez foi pronunciada, embora em latim, a palavra chantagem: “influentiam”, Sua Santidade. Impropriam influentiam.
17 de dezembro de 2012, São Lázaro. Os três cardeais entregam nas mãos do Papa o resultado de seu trabalho. São dois volumes de quase 300 páginas. Duas pastas duras vermelhas amarradas, sem título. Sob “segredo pontifício”, são mantidas no cofre do apartamento de Ratzinger. Os únicos a conhecê-los, além dele, são quem os escreveu. Contêm um mapa exato do joio e dos maus peixes. As “divisões no corpo eclesial que desfiguram o rosto da Igreja”, dirá o Papa quase dois meses depois na homilia de quarta-feira de cinzas. É nesse dia, com essas cartas na mesa, que Bento XVI torna a decisão há muito tempo meditada. É nessa semana ele encontra seu biógrafo, Peter Seewald, e, algumas horas depois de ter recebido os três Cardeais, diz: “Sou um homem ancião, basta o que já fiz”. Quase as mesmas palavras usadas naquela entrevista publicada mais tarde em Focus, que pronunciará, em fevereiro, no consistório para [a aprovação da causa de canonização] dos mártires de Otranto: “Ingravescente aetate”. “Sou um Papa ancião”, já havia aberto os braços muitas vezes, já havia jogado a toalha várias vezes, nos últimos meses, em conversas reservadas.
Assim, na semana anterior ao Natal, o Papa toma a sua decisão. O Cardeal Salvatore De Giorgi, um dos três inquisidores que redigiram a “Relationem”, presente no momento da renúncia, comenta com estas palavras: “Foi um gesto de fortaleza, não de fraqueza. Ele fez isso pelo bem da Igreja. Mandou uma mensagem forte a todos que no exercício de autoridade ou do poder se consideram insubstituíveis. A Igreja é feita de homens. O Pontífice viu os problemas e os enfrentou com uma iniciativa tanto inédita quanto perspicaz”. Ele tomou sobre si a cruz, em suma. Não desceu dela, pelo contrário. Mas quem são “aqueles que se consideram insubstituíveis?”. Recordemos as palavras do Angelus do domingo passado: é necessário “desmascarar as tentações de poder que instrumentalizam Deus por seus próprios interesses”.
A “Relationem” agora está aí. Bento XVI a entregará nas mãos do próximo Papa, que deverá ser bastante forte e jovem, e “santo” – espera ele — para enfrentar o tremendo trabalho que o espera. É projetada, nessas páginas, uma geografia de “influências impróprias” que um homem muito próximo da pessoa que o escreveu assim descreve: “Tudo gira em torno da não observância do sexto e sétimo mandamentos”. Não cometer atos impuros. Não roubar. A credibilidade da Igreja sairia destruída pela evidência de que seus próprios membros violam os ditames primeiros. Estes dois pontos, em particular. Vejamos o sexto mandamento, atos impuros. O Relatório é explícito. Alguns prelados sofrem “influência externa” — nós diríamos chantagem – de leigos a quem estão ligados por vínculos de “natureza mundana”. São quase as mesmas palavras que havia usado Monsenhor Attilio Nicora, então no chefia do IOR, na carta roubada das câmaras secretas no início de 2012: carta mais tarde publicada cheia de omissões para esconder nomes. Muitos desses nomes e dessas circunstâncias ressurgiram no Relatório. De casos remotos, como o do Monsenhor Tommaso Stenico, suspenso depois de uma entrevista transmitida em La 7, na qual relatava encontros sexuais ocorridos no Vaticano. Reaparece a história dos cantores de quem gostava de se cercar o Cavaleiro de Sua Santidade Angelo Balducci, aos atos de um inquérito judicial. Os locais dos encontros. Uma casa fora de Roma. Uma sauna em Quarto Miglio. Um salão de beleza no centro. Os quartos do próprio Vaticano. Uma residência universitária no caminho de Transone dada em arrendamento a uma entidade privada e reclamada de volta pelo Secretário de Estado Bertone, geralmente usado como domicílio romano de um arcebispo da região de Verona. É feita menção ao centro “Priscilla”, que mesmo a partir de recortes de imprensa parece levar a Marco Simeão, o jovem de San Remo, hoje no comando da Rai, e já apontado por Monsenhor Viganò como o autor das notas anônimas a seu respeito. Circunstâncias desmentidas pelos protagonistas nos jornais, mas aprofundadas e retomadas pelo Relatório com riqueza de detalhes.
Os três cardeais continuaram trabalhando mesmo após o 17 de dezembro passado. Eles chegaram até os últimos acontecimentos relativos ao IOR — aqui se passa o sétimo mandamento — ouvindo os homens em quem confia Tarcisio Bertone a partir de seu braço direito, o poderosíssimo monsenhor Ettore Balestrero, genovês, nascido em 1966. Chegaram até a nomeação do jovem René Bruelhart para a direção da AIF, a autoridade financeira do Instituto.
O terceiro cardeal investigador, Josef Tomko, é o mais velho e, portanto, o mais influente da tríade. Ratzinger o chamou novamente a serviço aos 88 anos. Eslovaco, esteve com Woijtyla no comando da contra-espionagem do Vaticano. Havia pessoalmente acompanhado a espinhosa questão das contribuições, também econômicas, para a causa polonesa como delegado para as relações com a Europa Oriental. Depois de Monsenhor Luigi Poggi, falecido em 2010, ele é o último guardião do que ainda hoje é chamado de a Entidade, o “Sodalitium pianum” de antiga memória, o serviço secreto do vaticano formalmente desmantelado por Bento XV, antecessor de Ratzinger no nome. Porque os símbolos e gestos, em São Pedro, contam muito mais do que as palavras, quem é muito familiarizado com a liturgia vaticana faz notar isso. No último dia de seu pontificado, Bento XVI receberá os três cardeais redatores da Relationem em audiência privada. Logo depois, ao lado de Tomko, verá os bispos e os fiéis eslovacos em Santa Maria Maggiore. A sua última audiência pública. 27 de fevereiro, São Procópio Decapolita, confessor. Em seguida, o conclave.
Fonte: http://fratresinunum.com/
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Nota de www.rainhamaria.com.br - por Dilson Kutscher
Visão sobre um Papa
Anne Catherine Emmerich (1774~1824), beatificada pelo papa João Paulo II, em 2004, uma freira Agostiniana alemã, estigmatizada (possuía os estigmas de Cristo), e vidente, que subsistiu inteiramente de água e de Santa Comunhão durante muitos anos, recebeu inúmeras visões das crises futuras na Igreja.
Os seguintes trechos se encontram na página 565 da Vida de Anne Catherine Emmerich, Vol. I, Rev. K. E. Schmörger, Tan Books, 1976:
"Uma grande quantidade de pessoas que trabalhavam para derrubar a Igreja de São Pedro. Os demolidores levavam grandes pedaços; eram em grande número, sectários e apóstatas. Em seu trabalho seguiam certas ordens e certas regras".
"Vi, com horror, que entre eles havia também sacerdotes católicos... Vi o Papa em oração, rodeado de falsos amigos, que, com freqüência, faziam o contrário do que ele ordenava."
Nas aparições da Virgem em Akita, no Japäo, foi das poucas reconhecidas no século XX pela Igreja, mas seu conteúdo e aviso são similares à de Fátima e a tantas outras ainda não reconhecidas nos dias de hoje.
Nossa Senhora disse:
"O Diabo se infiltrará até mesmo na Igreja de tal um modo que haverá cardeais contra cardeais, e bispos contra bispos. Serão desprezados os padres que me veneram e terão opositores em todos os lugares. Haverá vandalismo nas Igrejas e altares. A Igreja estará cercada de asseclas do demônio que conduzirá muitos padres a lhe consagrar a alma e abandonar o serviço do Senhor".
"O demônio especialmente dirigirá sua ira contra almas consagradas a Deus. O pensamento da perda de tantas almas é a causa de minha tristeza. Se os homens aumentarem ainda mais seus pecados em número e gravidade, já não haverá nenhum perdão para eles ".
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