Artigo do Padre José do Vale: O Ano da Fé e a Renovação da Igreja


25.10.2012 - “O PRIMEIRO SUJEITO DA FÉ É A IGREJA” (BENTO XVI)


           Em comemoração ao 50° aniversário do início do Concílio Ecumênico Vaticano II e do 20° aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, a Igreja celebrará o “Ano da Fé” entre 11 de outubro de 2012 e 24 de novembro de 2013, terminando na Solenidade de Cristo Rei. Uma das principais iniciativas na programação é a 13ª Assembléia Geral ordinária do Sínodo dos Bispos sobre “Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”. O Instrumento de Trabalho articula-se em duas partes: uma introdução em que é explicada as razões da escolha do tema, e uma segunda parte composta por quatro capítulos dedicados respectivamente a: Jesus Cristo, Evangelho de Deus para o homem; tempo de nova evangelização; transmissão da fé; e reavivar a ação pastoral.
          De forma geral, a expectativa é que o Sínodo infunda uma nova energia nas comunidades cristãs e dê respostas concretas aos desafios sobre a evangelização no mundo contemporâneo.

Para nossa MEDITAÇÃO, transcrevemos aqui algumas partes da Carta Apostólica PORTA FIDEI do Papa Bento XVI para o Ano da Fé, destacando expressões em negrito:

          A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de fato, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou. O próprio Concílio, na Constituição dogmática Lumen gentium, afirma: Enquanto Cristo “santo, inocente, imaculado” (Heb 7, 26), não conheceu o pecado (cf. 2 Cor 5, 21), mas veio apenas expiar os pecados do povo (cf. Heb 2, 17), a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação. A Igreja “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada, mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz. [Lumen Gentium, 8].

          Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. At 5, 31). Para o apóstolo Paulo, este amor introduz o homem numa vida nova: Pelo Batismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova (Rm 6, 4). Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afetos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A fé, que atua pelo amor (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de ação, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17). (n° 6).

          Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II.  Na Constituição apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato João Paulo II escrevia: Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (...). Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial. [Fidei depositum]

          É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de fato, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé. (n° 11).

A NOVA EVANGELIZAÇÃO

          O arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização diz: “Já existem experiências de nova evangelização em várias partes do mundo. O tempo passa, mas o entusiasmo que está a contagiar numerosas Igrejas espalhadas no mundo obriga-nos a olhar para o próximo ano com o objetivo de uma preparação verdadeiramente adequada ao alcance do acontecimento. Porque antes de qualquer iniciativa deve haver a consciência do povo de Deus de vivificar a própria fé, de compreender e experimentar melhor o encontro com Jesus, a fim de viver cada vez mais com o desejo de conhecer a fundo os conteúdos do cristianismo” (L’Osservatore Romano, 11/02/2012, p. 2).

          A Nova Evangelização, dirigida às pessoas que já não seguem a prática cristã, diz respeito a toda a Igreja, embora de modos diversos segundo as regiões. A Igreja procura responder às mudanças constantes que se verificam na comunidade humana no processo de globalização, num clima cultural e moral de secularização e agnosticismo. Face a estes desafios há a exigência de linguagens novas e meios renovados e, sobretudo, de testemunhas críveis para que a fé seja transmitida às jovens gerações nos novos contextos sociais, onde as comunidades naturais e tradicionais, como a família e a escola, voltem a assumir com particular urgência o seu compromisso educativo para a fé. A Igreja confia nestas cooperações para que a sua missão de evangelização conheça novos métodos e êxitos (L’Osservatore Romano, 17/12/2011, p. 14).

CONCLUSÃO

         O Concílio Vaticano II foi o maior acontecimento na Igreja no século XX. Marcou um legado de atualização, renovação e abissal produção teológica e missionária.   O Concílio Vaticano II pela obra do Espírito Santo fez abrir a Igreja para uma nova vivência em um mundo denominado de pós-modernidade. Diante do progresso científico, do avanço tecnológico, da angústia no coração humano e dos conflitos mundiais, a Igreja de Cristo por graça, promove a construção da civilização do amor e a libertação da humanidade da cultura de morte. Misericórdia é o seu lema!

VIVEMOS UM GRANDE E GLORIOSO PERÍODO DE RENOVAÇÃO DA HISTÓRIA DA IGREJA:

ANO DA FÉ, A NOVA EVANGELIZAÇÃO E A JMJ-RIO

20 ANOS DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

50 ANOS DO ÍNICIO DO CONCÍLIO VATICANO II

60 ANOS DA CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

90 ANOS DA NOSSA DIOCESE: BARRA DO PIRAÍ-VOLTA REDONDA


Pe. Inácio José do Vale
Sociólogo em Ciência da Religião
Professor de História da Igreja
Instituto Teológico Bento XVI
Pesquisador do CAEEC (Área Pós-Graduação)
E-mail: [email protected]

www.rainhamaria.com.br

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