Suíça: Um Bispo toma uma posição contra a Educação Sexual na Escola


10.01.2012 - Em entrevista para o NZZ am Sonntag, em 4 de dezembro de 2011, o bispo Vitus Huonder, de Chur, relembrou que a educação sexual é de responsabilidade dos pais e não do Estado, pois a sexualidade “está intrinsecamente relacionada ao comportamento religioso e constitui uma dimensão central da identidade humana.”

“Quando o uso de preservativos é recomendado na frente de crianças”, declarou o prelado suíço de Chur, “é uma ideologia que está sendo veiculada, ou seja, uma intromissão do Estado na liberdade religiosa e na predominância do papel dos pais na educação”. E nesse caso, como crentes, eles deveriam ser capazes de “se subtraírem dos abusos estatais,” continuou o bispo Huonder, que exige um “direito de resistência” para os pais.

O bispo de Chur também se posicionou contra o direito de adoção por pares do mesmo sexo, o qual foi aprovado em novembro pela Comissão do Conselho Estadual de Assuntos Jurídicos. Cada criança tem o direito de ter um pai e a uma mãe, um direito que não é respeitado na estrutura de uma parceria homossexual: “É uma violação dos direitos da criança.” As melhores condições para o desenvolvimento da identidade sexual são garantidas quando a criança pode crescer “em um clima de dualidade entre uma mãe e um pai.” “A Igreja não pode estabelecer os seus direitos nas posições que agradem a todos. Ela precisa transmitir a verdade da fé – quer ela agrade ou não as pessoas,” afirma o bispo Huonder.

Em uma carta pastoral intitulada “Uma Educação Sexual Prescrita pelo Estado”, publicada em 5 de dezembro, o bispo de Chur falou aos seus fiéis com relação ao Dia dos Direitos Humanos. Ele observou que a Igreja “reconhece a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948,” mas submete as suas afirmações e reivindicações “à verdade da Revelação de Deus.” O direito à transmissão da própria fé da pessoa “nunca deve ser retirado dos pais,” ele escreve.

O bispo denuncia a ideologia de igualdade sem discriminação quanto à orientação sexual, juntamente com a ideologia de Gênero. Essa última, contrária à natureza humana, destrói a ordem da criação ao insinuar que o homem somente é resultado da cultura e que ele constrói a si próprio independentemente da natureza humana e das leis universais inerentes a sua condição. E relembra: “O direito divino sempre tem precedência sobre os direitos humanos.”

Crítica Aguda às Declarações do Bispo Huonder

Após a publicação desta carta pastoral, várias críticas foram ouvidas contra o argumento de que a Igreja “reconhece” (somente) a Declaração dos Direitos Humanos.

“As comunidades religiosas nunca deveriam relativizar a Declaração Universal dos Direitos Humanos,” declarou a Federação Evangélica Suíça em um comunicado de imprensa em 6 de dezembro. Os direitos escritos nesta convenção são válidos para todos, da mesma maneira para todos, e independente de religião. Geoff Tunnicliffe, secretário geral da Aliança Mundial Evangélica, compartilha esta opinião. Daniel Graf, porta-voz da Anistia Internacional, afirmou no Tages Anzeiger que é “irritante” ver, 60 anos depois da assinatura da Declaração, um representante importante da Igreja que não a apóia completamente e que revela isso no Dia dos Direitos Humanos.

Walter Kälin, diretor do Centro de Competência Suíço para Direitos Humanos e professor de direito internacional na Universidade de Berna, considera a posição do bispo “preocupante”: “vendo o perigo universal que paira sobre os direitos humanos, eu teria esperado que um líder da Igreja Suíça os apoiasse e não que ele iria questioná-los.” Para Adam Loretan, especialista em Direito Canônico, não basta “reconhecer os direitos humanos; eles devem ser integrados no sistema e pensamento da pessoa.”

O bispo Felix Gmür, de Bâle, afirmou ser a favor da educação sexual na escola, em uma entrevista com o jornal alemão sonntags Zeitung, em 11 de dezembro de 2011. “A aula de educação sexual é uma parte da missão da escola pública, e não deve ser renunciada. Essas aulas ajudam a apoiar e completar o papel dos pais,” declarou o bispo Gmür. “Tudo o que é importante é que essas aulas levem em consideração todas as opiniões diferentes.”

Assim, o bispo de Bâle opõe-se à idéia de dispensar os alunos da educação sexual, conforme exige Dom Huonder. “Quando eles expõem aspectos diferentes, biológicos, psicológicos, emocional e social, não vejo razão para retirar as crianças dessas aulas,” afirmou em oposição ao seu confrade no episcopado. (fontes: apic/nzz bistumchurch/SonntagsZeitung – DICI#247, 23 de dezembro de 2011)

Fonte: http://fratresinunum.com

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