Papa João Paulo II e Medjugorje


09.08.2011 -

Cardeal Stanislaw Dziwisz e João Paulo II

Da entrevista de Dom Paolo Hnilica, bispo eslovaco e amigo íntimo de João Paulo II, à revista alemã “Pur” de dezembro de 2004 (via Vatican Insider):

    Dom Hnilica, o senhor falou com o Papa [João Paulo II] sobre os acontecimentos de Medjugorje?

    Cardeal Stanislaw Dziwisz e João Paulo IIHnilica: Eu visitei o Santo Padre em 1984. Nos encontramos em Castel Gandolfo, sua residência de verão, e conversamos sobre a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, que realizei na Catedral da Assunção em Moscou, em 24 de março daquele ano, como Nossa Senhora de Fátima pediu. Quando contei este fato ao Santo Padre, ele ficou muito comovido e disse: “A Virgem Maria o levou até lá sob sua proteção”. Respondi: “Não, Santo Padre, Ela me levou em seus braços”. Então ele me perguntou o que eu pensava sobre Medjurgorje e se eu já estivera lá. Disse a ele que o Vaticano me aconselhara a não ir. O Papa olhou para mim e disse: “Vá a Medjugorje discretamente, como o senhor foi a Moscou. Quem pode impedi-lo?”. O Papa não me autorizou oficialmente a ir, mas encontrou outra solução. Ele me mostrou um livro sobre Medjugorje escrito por Rene Laurentin. Começou a ler alguns capítulos e observou que as mensagens de Medjugorje estão intimamente relacionadas às de Fátima. “Medjugorje é a continuação de Fátima. A Senhora aparece pela primeira vez em países comunistas por causa dos problemas que vêm da Rússia”, disse o Papa, que já tinha abraçado isso como uma missão de seu pontificado. Entendi a conexão. Após falar com o Papa, visitei Medjugorje incógnito três ou quatro vezes. Mas o bispo de Mostar me escreveu uma carta na qual pedia que eu não visitasse mais Medjugorje e que, se eu recusasse, escreveria ao próprio Papa. Parece que alguém lhe informou sobre minha visita. Porém, não havia motivo para temer o Santo Padre”.

    O senhor teve alguma outra oportunidade de falar com o Papa sobre Medjugorje?

    Hnilica: Sim. Falamos sobre Medjugorje em 1º de agosto de 1988. Um grupo de médicos de Milão, que examinou as crianças, veio visitar o Papa em Castel Gandolfo. Um dos médicos comentou que o bispo de Mostar prejudicou seus trabalhos. O Papa disse: “Como ele é o bispo daquela região, os senhores têm de respeitá-lo”. Então continuou em tom cordial: “Mas ele responderá diante de Deus caso esteja agindo injustamente”. O Papa então pensou por um instante e disse: “O mundo hoje perdeu o sentido do sobrenatural, isto é, o sentido de Deus. Mas muitas pessoas o redescobrem em Medjugorje através da oração, do jejum e dos sacramentos”. Este é para mim o mais forte e explícito testemunho sobre Medjugorje. O que impressionou mais especial e profundamente é que os médicos que estavam lá disseram “Non constat de supernaturalitate”, enquanto o Papa, pelo contrário, reconhecera muito antes que os eventos acontecendo em Medjugorje são realmente sobrenaturais. Através de várias fontes, o Papa chegou à conclusão de que lá se pode experimentar Deus…

    Em 1991, dez anos após a primeira mensagem “Paz, Paz, Paz”, quando a guerra irrompeu na Croácia, encontrei-me novamente com o Papa e ele me perguntou: “Como o senhor pode explicar as aparições de Medjugorje enquanto a guerra flagela a Bósnia?” Realmente, a guerra era horrível. Respondi: “Parece que estamos na mesma situação com relação a Fátima. Se a Rússia tivesse sido consagrada ao Imaculado Coração de Maria, a 2ª Guerra Mundial e a disseminação do comunismo e do ateísmo poderiam ter sido evitados. Santo Padre, após o senhor ter consagrado a Rússia ao Imaculado Coração de Maria em 1984, muitas mudanças ocorreram na Rússia e o comunismo começou a cair. Nossa Senhora em Medjugorje advertiu que a guerra irromperia se não nos convertêssemos. Ninguém levou estas mensagens a sério. Talvez, se os bispos da antiga Iugoslávia tivessem aceitado mais seriamente estas mensagens, isso não tivesse acontecido. Mas é claro que isso não significaria um pleno reconhecimento da Igreja ao fato das aparições continuarem até hoje”. Então o Papa disse: “Então, Dom Hnilica, é verdade que o meu ato de consagração ao Imaculado Coração de Maria foi eficaz?” Respondi: “Certamente foi! O único problema é quantos bispos realmente realizaram aquele ato de consagração junto com o Santo Padre”.

    Por que isso é tão importante?

    Hnilica: Isso expressa a colegialidade da Igreja, em outras palavras, é a unidade dos bispos com o Papa que dá à consagração um significado mais profundo. Em 1978, quando Karol Wojtyla foi eleito Papa, eu o cumprimentei, mas imediatamente disse que algo ficaria faltando em seu pontificado caso ele não consagrasse a Rússia juntamente com todos os bispos. Ele disse: “Se o senhor convencer os bispos, faço isso amanhã”. Assim, após a consagração de 24 de março de 1984, ele me perguntou quantos bispos haviam concelebrado comigo. Como não pude responder à questão, o Papa disse: “Todo bispo tem que preparar sua diocese, todo padre a sua comunidade, todo pai a sua família, pois Nossa Senhora disse que os leigos devem se consagrar ao Seu Coração”.

Fonte: http://fratresinunum.com/

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