04.05.2011 - O Ex-presidente da Polônia e Prêmio Nobel da Paz, Lech Walesa, recordou a João Paulo II como um dos artífices da derrota do comunismo nesse país e como com sua ajuda essa nação pôde derrotar o regime com as armas da fé e da solidariedade.
Em um artigo publicado pelo L’Osservatore Romano na edição de 4 de maio, que também faz parte do primeiro capítulo do livro "Sobre as asas da liberdade: Fé e solidariedade juntas fizeram milagres", publicado com a ocasião da beatificação de João Paulo II, Walesa recorda a situação da Polônia nos anos 70 quando o país era dominado pelo comunismo e os grupos opositores eram pequenos e estavam desunidos.
"Ao final dos anos setenta, a oposição ao regime comunista na Polônia era muito fraca: pequenos grupos de pessoas nas que sempre crescia o desalento e a divisão interna, eu mesmo, por pertencer a eles, estava de licença e tinha que prover para cinco dos meus agora oito filhos. ‘Necessitamos tanto coisas, pense como consegui-lo, faça as coisas’, dizia-me minha esposa Danuta que certamente nunca obstaculizou minha atividade política: ela tinha entendido que o que eu fazia era também para o futuro dos nossos filhos".
Em meio de grandes dificuldades, "naquele momento de grande debilidade, de desconfiança e impotência, quando tudo parecia perdido, Deus veio ao nosso auxílio: em 16 de outubro de 1978 um polonês foi eleito Papa, um polonês de nome Karol Wojtyla. E depois de um ano, apenas um ano depois, esse Papa veio à Polônia".
Walesa não pôde ver o Papa porque as autoridades o impediram, entretanto recorda com emoção que no dia 2 de junho de 1979 mais de um milhão de pessoas escutaram a João Paulo II em Varsóvia e clamaram "Queremos Deus, queremos Deus!"
Logo depois de dizer-lhes que os abraçava "com o pensamento e o coração", o Pontífice disse: "e grito, eu, filho de terra polonesa e eu, João Paulo II Papa, grito do profundo deste milênio, grito na vigília do Pentecostes: que descenda seu Espírito! E renove a face da terra, desta terra!"
Walesa precisa então que o Papa não incitou à luta armada mas à luta da fé, à "imensa potência de Deus". "Ante o poder comunista estávamos como imobilizados e aturdidos: em nossos corações uma grande alegria havia desalojado a incerteza e o medo, víamo-nos os olhos uns aos outros cheios por uma esperança nova para o futuro, olhando ao nosso redor que evidentemente não fomos poucos e que se era possível acreditar".
A partir desse dia "fomos testemunhas e protagonistas juntos da força inquebrável da fé: em que apesar de cinqüenta anos de comunismo na Polônia, um povo inteiro participava dos encontros do Papa, um povo inteiro começou a rezar e esperar".
Esta atitude do povo não agradou as autoridades que viam que sua doutrinação comunista não desterrou a fé, recorda Walesa e precisa além que sem o Papa nunca teria sido possível a experiência do movimento Solidariedade que liderou, o projeto de onde se traçou de maneira pacífica a mudança para o país.
"Sem o Papa Wojtyla não teria havido a experiência de Solidariedade, aquela experiência única e tão potente de solidariedade dos homens em luta pacífica pela liberdade que o mundo conheceu perto de um anos depois da visita do Papa polonês à sua terra".
Depois de recordar que o governo desterrou das pedreiras as imagens da Virgem negra de Czestochowa e do Papa, Walesa refere umas palavras de um líder aos operários quando a situação do país era complicada "Se isto for assim, quem está contra nós? Se tivermos iniciado isto no nome de Deus, vamos adiante com Ele".
E assim, conclui Walesa, "fé e solidariedade juntas fizeram milagres".
Fonte: ACI
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